São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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EDUCAÇÃO
Estudantes e servidores também decidiram aderir a greve; segundo reitoria, 80% dos docentes estão parados
Paralisação na BA completa hoje 14 dias

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

Os professores da UFBa (Universidade Federal da Bahia) entram hoje no 14º dia de greve. Os estudantes também decidiram aderir à paralisação.
Segundo informações da Apub (Associação dos Professores Universitários da Bahia), 90% dos 2.200 professores universitários já aderiram ao movimento. Segundo a reitoria da universidade, a adesão é de 80%.
Os 6.000 servidores da UFBa decidiram também aderir amanhã à paralisação da entidade.
Depois de 17 anos como professora de inglês da UFBa, Maria Garrido, 47, trocou o ensino público pela Unifacs (Universidades Salvador). A Unifacs é uma universidade privada.
"Não recebi nenhum incentivo financeiro por parte da UFBa depois da minha aposentadoria."
Professora com dedicação exclusiva, Maria Garrido recebe R$ 2.100 por mês de aposentadoria. O seu salário como professora (16 horas por semana) da Unifacs é R$ 1.800.
Na UFBa, uma professora que trabalha 20 horas por semana recebe cerca de R$ 500 por mês.
Com doutorado realizado nos Estados Unidos, o professor de inglês e literatura Décio Torres Cruz, 40, também nunca aceitou a proposta de trabalhar na UFBa em regime integral. "Recebo apenas R$ 500 por mês para dar 20 horas de aulas por semana na UFBa."
Pelo regime de dedicação exclusiva, Décio Cruz receberia R$ 1.500 da UFBa por mês.
O professor afirmou não ter aceito a proposta da UFBa, mas continua dando aulas em outras duas universidades.
Na Faculdade Rui Barbosa, Torres recebe também um salário de R$ 500 por mês.
"Mas acontece que só trabalho quatro horas por semana", disse. Como professor da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), Torres ganha mais R$ 500 por mês.
"É inacreditável que o presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi professor universitário, não faça nada para melhorar a qualidade do ensino público e estimular os professores."

Defesa
O reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), José Martins Filho, lança hoje seu quarto livro, "A Experiência Vivida", coletânea de artigos publicados desde 1994, quando assumiu o cargo que deixa na próxima segunda-feira.
"Minha bandeira sempre foi a defesa da universidade pública", afirmou o reitor.
Martins Filho disse que, depois de deixar o cargo, voltará a ser professor na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Ele disse não ter intenção de ser candidato nas eleições de outubro.



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