São Paulo, segunda, 13 de abril de 1998

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SEM AULA
Prefeitura atrasa entrega de escolas de emergência

ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local

A Prefeitura de São Paulo ainda não entregou as nove escolas de madeira que foram prometidas no final de janeiro deste ano, quando muitos pais se queixavam da falta de vagas na rede pública de ensino.
Para acelerar a construção das escolas, a prefeitura dispensou licitação, alegando caráter "emergencial" para as obras.
Na época, a assessoria de imprensa da secretaria prometeu o início das obras para o final de fevereiro e, a conclusão, para o final de março.
A previsão era de que as crianças pudessem ainda cursar o ano letivo de 98. O início das aulas teria um atraso de 40 dias em relação às demais escolas, que seria compensado no final do ano.
Mas, até a última quarta-feira, pelo menos duas escolas que foram prometidas nem sequer estavam em obras.
As nove escolas de madeira estão localizadas na periferia da cidade, nas zonas sul e leste, em bairros como Campo Limpo, Capão Redondo, Guaianases e São Miguel Paulista.
Além das escolas, foi prometida a construção de 73 salas emergenciais de madeira, anexas a escolas já existentes. Segundo a secretaria, as salas também estão em construção.
Vagas superestimadas
Na ocasião do anúncio da construção, a prefeitura informou que haveria a geração de 14.364 vagas.
Esse número também foi superestimado, segundo a Folha apurou.
Cada escola de madeira deverá ter cinco salas de aula, totalizando 45 salas. Somadas às 73 salas que serão construídas junto a outras escolas, haverá um total de 118 salas.
Se forem colocados 50 alunos em cada sala, serão atendidos, ao todo, 5.900 alunos.
Além das salas de aula, as escolas terão um pátio coberto e secretaria. A cozinha e os banheiros serão de alvenaria.
Quando anunciou a construção das escolas emergenciais de madeira, a prefeitura disse que cada uma custaria R$ 150 mil e, cada sala, R$ 17 mil. O custo total seria de R$ 2,59 milhões.
Sem aula
Enquanto as escolas não ficam prontas, centenas de crianças nas suas imediações continuam sem aula, como atestam as listas de espera nas escolas mais próximas.
Em pelo menos três escolas próximas aos locais onde deverão ficar as escolas emergenciais de madeira, a reportagem da Folha encontrou cerca de 500 alunos em listas de espera para a primeira série do primeiro grau.
"Aqui brota criança do chão", disse Raimundo Silva, vice-diretor da escola estadual Madre Paulina, em São Miguel Paulista (zona leste), que não consegue atender a demanda da região.



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