São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2004

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ADMINISTRAÇÃO

Para JilmarTatto, problema não é causado por obras, mas por falta de fiscalização da PM e reativação da economia

Secretário reconhece piora no trânsito

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário dos Transportes da administração Marta Suplicy (PT), Jilmar Tatto, admitiu ontem que houve uma piora em 2004 nas condições do trânsito da cidade de São Paulo -embora a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e seus indicadores oficiais apontem uma situação diferente nos últimos meses.
Tatto evitou relacionar, porém, a elevação dos congestionamentos à série de obras da gestão petista. Diz que a piora se deve principalmente ao "aquecimento da economia" -que levaria os motoristas a sair mais de casa- e à falta de fiscalização da PM -que é responsável por retirar das ruas os veículos em más condições.
"É errado, não é honesto falar que piorou por causa das obras. Elas criam um transtorno localizado", afirma Tatto. O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu 0,2% no ano passado.
O secretário admitiu que houve mudanças na medição de engarrafamentos feita pela CET, mas preferiu não comentar se elas afetam os índices que são divulgados oficialmente sob a alegação de que ainda não os tinha analisado.
Tatto prometeu divulgar, no final desta semana ou no começo da próxima, os dados pedidos sobre as médias de lentidão e de velocidade média na capital paulista, postos de medição desativados pela CET e câmeras quebradas.
Conforme publicou a Folha em sua edição de ontem, a demissão de funcionários, a quebra de aparelhos e a extinção de PACs (Postos Avançados de Campo), que são as principais formas de aferir os engarrafamentos, têm levado à queda dos indicadores oficiais, enquanto há piora real na fluidez.
A reportagem tenta há três meses obter dados da CET que dimensionassem essa situação, tendo enviado ofício no dia 23 de abril a Tatto e ao presidente da companhia, Dernal Oliveira Santos, sem receber respostas.
Ontem Tatto atendeu a Folha e afirmou não haver nenhuma proibição para a divulgação das informações. Ele alegou problemas burocráticos internos para não ter atendido às solicitações.
Segundo ele, os critérios de medição sofreram mudanças "porque a cidade é dinâmica". O secretário alegou ter havido corte na quantidade de PACs -que já foram 50 e hoje não chegam a 35- porque alguns funcionários, que costumavam atuar com binóculos em cima de prédios, passaram a trabalhar nas ruas, de onde também poderiam passar informações sobre os engarrafamentos.
Tatto nega ter havido um sucateamento da CET. Diz que houve uma "reformulação". Alega que "nesta gestão foram comprados 50 carros" e que "foram incorporados novos profissionais no processo de educação do trânsito" -referência aos beneficiados em programas sociais da prefeitura, que acabam atuando em atividades como a distribuição de panfletos educativos a motoristas.
A Secretaria da Segurança Pública informou que, em 2003, a PM fez 7,2 milhões de vistorias em veículos no Estado. Afirmou ainda que, em 2004, a PM já apreendeu 14.698 documentos irregulares e 12.839 veículos.


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