São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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SALVADOR

Eles atuarão em faculdades

Projeto quer tirar 200 jovens de semáforos

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALEXÂNIA (GO)

A Prefeitura de Salvador e 16 instituições de ensino superior da Bahia assinaram um convênio para a retirada de cerca de 200 jovens que trabalham nos principais semáforos da cidade limpando os vidros dos veículos.
De acordo com a parceria, os jovens, entre 18 e 25 anos, vão trabalhar com lavagem de carros nos estacionamentos das faculdades. "Estamos abrindo uma janela para esses jovens que vão passar a viver uma nova realidade", afirmou o prefeito João Henrique Carneiro (PDT), 45.
Pai de dois filhos, Odirley Araújo, 23, limpa os vidros dos carros que trafegam pela avenida Tancredo Neves, uma das mais movimentadas da cidade, há três anos. "A gente não leva uma vida digna, tem de trabalhar o dia inteiro e corre o risco de não receber nada", disse.
De acordo com o projeto assinado na noite de quarta-feira pela prefeitura e por representantes das universidades baianas, os diretórios estudantis vão cuidar da venda dos tíquetes-lavagem para professores, funcionários e alunos -os valores serão negociados com os proprietários dos automóveis.
Três ex-flanelinhas participaram da cerimônia de assinatura do acordo e se mostraram entusiasmados com o projeto.

Benefícios
"Vai ajudar a gente a sair da rua, a não ser discriminado", afirmou Gilberto Gonçalves de Souza, 20, que passa o dia trabalhando em um semáforo próximo à avenida Antonio Carlos Magalhães (centro). "É uma chance de mudar a minha vida."
O projeto Passando a Limpo prevê a geração de renda e o acompanhamento social dos jovens, que ainda poderão ser beneficiados com programas assistenciais das instituições de ensino, como tratamento médico e odontológico, assistência jurídica, alfabetização de jovens e adultos e exames laboratoriais.
"Esse projeto prevê a melhoria da qualidade de vida e do nível de cidadania dessas pessoas", avalia Nelson Cerqueira, reitor do Centro Universitário da Bahia. "Somente por meio da inclusão social poderemos tornar Salvador uma cidade mais justa", disse o secretário de Desenvolvimento Social, Carlos Ribeiro Soares.
A prefeitura estima que 1.500 pessoas sobrevivam, atualmente, vendendo produtos e esmolando em semáforos.


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