|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EDUCAÇÃO
Ato parou a avenida 23 de Maio por 20 minutos e depois seguiu para o largo São Francisco, onde ocupou as salas de aula
Grupo pró-cota invade faculdade da USP
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 3.000 alunos e integrantes da ONG Educafro pararam ontem por cerca de 20 minutos a avenida 23 de Maio, na altura
do vale do Anhangabaú, e invadiram as salas da Faculdade de Direito da USP para reivindicar o
sistema de cotas nas universidades públicas.
O ato, que pegou
de surpresa a PM e
a CET, foi anunciado antecipadamente no site da
entidade, que trabalha com cursos
pré-vestibular comunitários.
Por volta das
19h, horário de
trânsito intenso,
eles bloquearam a
passagem de carros em ambos os
sentidos. Deitaram no chão, ergueram faixas e
gritavam pedindo
igualdade de direitos. Segundo a
PM, o ato foi pacífico. "Temos pessoal suficiente para retirar todos daí
de qualquer jeito",
disse o tenente
Daora, que comandou a mobilização policial.
Segundo Eduardo Pereira Neto,
coordenador da Educafro, o grupo pretendia paralisar a avenida
durante 13 minutos, num ato simbólico para "lembrar a farsa do 13
de maio de 1888" [abolição da escravatura], mas o ato se estendeu.
Após liberar a avenida, o grupo,
estimado em 600 pessoas pela
PM, seguiu para o prédio da Faculdade de Direito e ocupou as salas de aula, que tiveram de ser suspensas. Os vigias tentaram em
vão impedir a entrada dos manifestantes, que quebraram os vidros da entrada principal.
Com megafones nas mãos, os
manifestantes pediam mais agilidade na discussão do sistema de
políticas alternativas para os afrodescendentes e buscavam o apoio
público do diretor da faculdade,
Eduardo Marchi.
"O negro e o pobre estão cansados de discursos. Queremos que a
USP adote um sistema de cotas para o próximo vestibular. Essa manifestação foi um
exercício de cidadania para mostrar que somos capazes de parar São
Paulo a qualquer
momento", disse
Pereira Neto.
Ao tentar conversar com os manifestantes, Marchi foi vaiado.
"Todos da Educafro já sabem que
sou favorável ao
sistema de cotas.
Acho lamentável
que, sem avisar a
faculdade, eles entrem aqui de forma tão violenta.
Isso só depõe contra a causa legítima, que são as
cotas."
Entre os alunos,
as opiniões eram divergentes.
"Acho a manifestação legítima e
sou a favor de cotas para negros e
estudantes de baixa renda", disse
Gabriel Vinícius Moura, 23, aluno
do segundo ano.
Fábio, aluno do primeiro ano
que não quis dar o nome completo, disse que o fato de os manifestantes invadirem as salas de aula
fez ele ser contra as cotas.
Colaborou VINICIUS SEGALLA
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Frases Índice
|