São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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CLIMA

Cheias deixaram 11 municípios em estado de emergência nesta semana

Chuvas já afetaram 40 mil no Amazonas

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A cheia dos principais rios que cortam o Amazonas já atingiu 40 mil pessoas em 16 municípios, segundo a Defesa Civil. A situação vem se agravando desde março.
Nesta semana, com o aumento das chuvas, estão em situação de emergência 11 municípios. As cidades em que a situação é mais crítica são Borba, onde o rio Madeira transbordou, Barreirinha, no baixo rio Amazonas, e Santo Antônio do Içá, no alto Solimões.
Ontem, a Prefeitura de Barreirinha (329 km de Manaus) anunciou a suspensão das aulas na zona rural. Não está descartada a hipótese de que 40% dos alunos, do total de 7.000 estudantes da rede, fiquem sem ir às escolas.
Na região, 300 famílias tiveram as casas tomadas pelas águas e estão isoladas. O prefeito Gilvan Seixas (PPS) atribuiu os problemas à cheia do rio Paraná do Ramos, que deságua no baixo Amazonas, e aos desmatamentos no Pará e em Mato Grosso, Estados que fazem divisas com a cidade.
"Os desmatamentos são a grande influência para os rios, porque estão destruindo as matas ciliares", afirmou Seixas.
Segundo a Defesa Civil, os municípios de Borba, Manicoré, Humaitá e Pauini já receberam ajuda de R$ 350 mil do governo do Amazonas para a compra de alimentos, remédios e transferência de 16 mil pessoas para abrigos provisórios.
A maioria das casas atingidas pela cheia é de palafita (de madeira, sustentadas por estacas). Mesmo com as águas na metade das casas, as famílias resistem a sair. Dormem em redes atadas ao teto e enfrentam riscos de mordidas de cobra. "A enchente chegou de forma muito rápida, mas não foi inesperada porque desenvolvemos uma estratégia com os órgãos de meteorologia e hidrologia para atender as populações", disse o secretário-executivo da Defesa Civil, coronel Roberto Rocha.
O ciclo de enchente e vazante (seca) é um processo natural, que ocorre todos os anos na Amazônia. Mas os desmatamentos têm agravado os ciclos, segundo os cientistas. Desde o ano passado, quando uma estiagem severa deixou mais de 90 mil famílias de ribeirinhos isoladas, o Serviço Geológico do Brasil vem monitorando os rios e divulgando os dados para que a Defesa Civil formule estratégias para minimizar os efeitos dos desastres ambientais.

Pará
A previsão no Pará é de mais chuvas, pelo menos até segunda-feira. O Estado já possui 27 municípios em situação de emergência.
Segundo o último relatório da Defesa Civil, divulgado na quarta-feira, são cerca de 20 mil desalojados -que foram removidos para abrigos- e 6.500 desabrigados -que perderam suas casas.


Colaborou RENATA BAPTISTA, da Agência Folha


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