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CNBB prega agilidade em casos de pedofilia
Cartilha vai orientar bispos a afastar imediatamente das funções os padres suspeitos de abusar de crianças e adolescentes
A entidade recomendou aos religiosos que colaborem com as investigações fora
da igreja, afirmou o bispo
de Ponta Grossa (PR)
LARISSA GUIMARÃES
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bispos brasileiros deverão
afastar imediatamente de suas
funções os padres envolvidos
em casos de pedofilia.
A orientação foi feita durante
a 48ª Assembleia Geral da
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil), que termina hoje, em Brasília.
Dois bispos confirmaram
que o afastamento de padres de
suas funções na paróquia deverá ser a principal medida recomendada pela CNBB.
A entidade confirmou que
será elaborada uma espécie de
cartilha com orientações gerais
sobre como os bispos deverão
proceder nesses casos.
"Às vezes, é [um processo]
demorado. Agora, foi pedido
aos bispos que as medidas sejam imediatas", declarou dom
Benedito Beni dos Santos, bispo de Lorena (SP).
No caso do monsenhor Luiz
Marques Barbosa, acusado de
abusar sexualmente de crianças e adolescentes em Arapiraca (AL), ele só foi afastado das
funções quatro meses depois
de o bispo de Penedo, dom Valério Breda, ter tomado conhecimento do caso por intermédio das supostas vítimas.
O bispo de Ponta Grossa
(PR), dom Sérgio Braschi, disse
que a pedofilia foi um dos temas mais "delicados" discutidos durante a assembleia, que
reuniu cerca de 300 bispos e
outros religiosos.
Segundo dom Beni, a CNBB
também recomendou aos bispos que colaborem com as investigações fora da igreja.
"[A orientação foi no sentido
de que] todas as informações
que a igreja tem sejam transmitidas. Não se deve ocultar nada", afirmou.
Indenizações
O religioso disse ainda que
chegou a ser debatida a questão
das possíveis indenizações a vítimas de abusos cometidos por
membros da Igreja Católica.
"Se houver indenização em dinheiro, o responsável deve ser o
padre que cometeu o crime",
declarou dom Beni.
O cardeal dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação
para o Clero do Vaticano, disse,
após encontro ontem com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que a Igreja Católica está
agindo em relação ao tema.
Segundo ele, a cartilha com
orientações que será lançada
pela CNBB poderá ajudar nesse
sentido. "Ajudaria todos os bispos a ter um procedimento
idêntico", afirmou.
De acordo com ele, os religiosos que cometeram esse crime
devem ser julgados pelos tribunais comuns, e não apenas pela
igreja. "É um problema gravíssimo, intolerável", disse.
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