|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Comissão do Senado aponta irregularidades na indicação de bancos
Esquema obriga empresas de ônibus a pedir empréstimo
DO "AGORA SÃO PAULO"
A Prefeitura de São Paulo condiciona a liberação de verbas para
as empresas de ônibus a empréstimos junto a bancos indicados. O
esquema vem sendo utilizado
desde 98 e caracteriza tráfico de
influência.
Só nos dois primeiros meses de
2000, os empréstimos movimentaram R$ 33,7 milhões. Das 52
empresas de ônibus que prestam
serviço à prefeitura, 40 contraíram empréstimos com dois bancos em janeiro.
De acordo com avaliação preliminar da Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado, a operação apresenta fortes indícios de irregularidade.
Se as empresas tivessem tomado empréstimos a juros que estão
na média do mercado, os empresários teriam economizado quase
R$ 2 milhões apenas em janeiro e
fevereiro.
Para tomar os empréstimos,
eles tiveram que registrar em cartório uma procuração que autorizava o banco a movimentar livremente até 30% da remuneração
da SPTrans. A reportagem obteve
uma cópia da procuração.
Segundo empresários, o esquema começou no final de 98, quando o Transurb avisou que a prefeitura não tinha dinheiro para pagar as empresas e que a única forma de cobrir a folha de pagamento e o gastos com 13º salário seria
pedir empréstimo de dois bancos
indicados pela administração, o
BicBanco e o Banco Pine S/A.
"A prefeitura me devia um valor
e me informou que eu teria um
crédito no mesmo valor em determinado banco", disse um empresário que não quis ser identificado. Os juros praticados na operação foram de 5,49%, valor acima
da média cobrada no mercado na
época, que era de 4,92%.
Um executivo da SPTrans, que
também não quis ser identificado,
estranhou a participação dos bancos. "Se a Secretaria das Finanças
não tinha dinheiro para repassar à
SPTrans, como é que os bancos tinham tanta certeza que os empréstimos seriam pagos?", disse.
Outro lado
O diretor-executivo do Pine,
Luiz Cláudio Dela Rosa, do Banco
Pine S/A negou que a prefeitura
tivesse intermediado as negociações de crédito com as empresas
de ônibus. Quanto aos juros cobrados das empresas, os diretores
os consideram normais. "Cada
operação de crédito é avaliada separadamente", disse.
A reportagem contatou o BicBanco, mas não obteve resposta
ao pedido de entrevista.
O ex-diretor financeiro da
SPTrans Emiliano Leal da Cunha
nega o tráfico de influência entre a
prefeitura e bancos de crédito.
Cunha deixou o cargo na última
quarta-feira.
O Transurb informou, por meio
de sua assessoria de imprensa,
que considera um "grande absurdo" a possibilidade de a prefeitura
e o sindicato terem intermediado
as transações com os bancos.
Texto Anterior: Legislativo: Câmara faz mutirão para aprovar 63 projetos Próximo Texto: Trânsito: Presença de camelôs complica 25 de Março Índice
|