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EDUCAÇÃO
Em 2004, Estados terão de garantir vagas a todos os estudantes que concluírem a 8ª série; medida prevê repasse e bolsa
Ensino médio será obrigatório, anuncia MEC
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Decreto que está sendo preparado pelo Ministério da Educação
pretende transformar o ensino
médio em obrigatório gradativamente a partir de 2004. Ou seja,
alunos que terminam a 8ª série do
fundamental devem ter garantia
de oferta de vagas e de condições
de permanência na escola.
Para isso, o governo federal estuda, entre outras medidas, criar
uma bolsa para alunos do período
noturno e expandir o Bolsa-Escola para jovens de 16 a 19 anos.
Já os Estados teriam de garantir
a estrutura, como escolas e professores, o que hoje não existe: estudo do Inep (Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais) aponta que, para atender à
demanda atual, são necessários
235 mil professores no ensino médio e 476 mil da 5ª à 8ª série.
Mas, nos últimos anos, os cursos de licenciatura formaram 457
mil professores, gerando déficit
que chega a 254 mil docentes.
Hoje, de cada cem alunos que
entram no ensino fundamental,
59 terminam a 8ª série. Dos que
ingressam no médio, 74% conseguem chegar ao terceiro ano.
O ensino médio compõe a educação básica e está sob responsabilidade dos Estados. Por não ser
obrigatório, pode não haver vaga
para toda a demanda, e não
adianta o aluno recorrer à Justiça.
O decreto deve incluir também
o aumento de duração da educação média de três para quatro
anos a partir de 2007. Ao tornar o
ensino médio obrigatório, a
União tem de repassar contrapartidas aos Estados, como o valor
per capita da merenda (hoje em
R$ 0,13/dia) e livros didáticos.
Para o próximo ano, o MEC
prevê gastar R$ 60 milhões na
compra de 2 milhões de livros de
física, química, biologia e matemática para alunos do primeiro
ano. Sobre a merenda, o governo
está fazendo o estudo dos custos e
a viabilidade orçamentária.
Segundo o secretário de Educação Média e Tecnológica, Antonio
Ibañez Ruiz, a proposta é tornar
obrigatório o primeiro ano do ensino médio em 2004, o segundo
ano em 2005 e o terceiro em 2006.
Um dos objetivos da implantação gradativa é permitir que ocorram ajustes de orçamento.
Quarto ano
Para 2007, ficaria previsto o início do quarto ano, cujo formato
será definido. A idéia é que os alunos não sejam obrigados a cursá-lo, mas o Estado terá de oferecê-lo. Já para a implantação da bolsa,
o secretário disse que pretende
usar R$ 20 milhões de recursos do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) e beneficiar
até 80 mil pessoas. Isso daria uma
média de R$ 250 por estudante.
Dos 8,71 milhões de matrículas
no ensino médio em 2002, segundo o Censo Escolar, 4,25 milhões
são do período noturno. Entre os
que estudam à noite, apenas
2,83% estão na rede privada.
O governo avalia ainda que há 5
milhões aptos a fazer o ensino
médio, mas que estão fora da escola ou no ensino fundamental.
Ruiz diz que, até 2004, os professores receberão um livro que visa
ajudá-los a trabalhar com as novas diretrizes curriculares e com a
interdisciplinaridade.
Profissionalização
O MEC fará na próxima semana, em Brasília, seminário para
discutir mudanças na educação
profissional. Entre os temas está o
Proep (Programa de Expansão da
Educação Profissional), criado
em 1997 e previsto para acabar em
2006, com recursos do BID. São
US$ 500 milhões, sendo a metade
contrapartida do governo federal,
dos quais US$ 200 milhões foram
gastos. Por falta de recursos, o
Proep está em fase de reavaliação.
O governo já pagou US$ 6 milhões de multas ao BID por deixar
de usar o empréstimo no prazo
previsto. Segundo Ruiz, o MEC
está tentando desbloquear o recurso previsto para este ano (que
era de R$ 62 milhões e caiu para
R$ 42 milhões) e aumentar a dotação orçamentária do programa.
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