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VIOLÊNCIA
Moradores do morro localizado na zona norte do Rio dizem que só policiais atiraram; versão oficial é divergente
Ação da polícia na Mangueira deixa 5 mortos
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
Cinco supostos traficantes foram mortos a tiros de fuzis numa
operação da Polícia Civil, ontem
de manhã, no morro da Mangueira (zona norte do Rio).
Após as mortes, moradores
protestaram atirando pedras contra 50 policiais militares que reforçavam a segurança nas entradas da favela. Cerca de 20 pessoas,
a maioria mulheres, tentaram fechar a rua Visconde de Niterói, na
base do morro. A polícia lançou
uma bomba de gás lacrimogêneo
e dispersou o grupo. Ninguém ficou ferido.
O objetivo da incursão, segundo
a polícia, era prender Cássio
Monteiro das Neves, o Cássio da
Mangueira, apontado como gerente-geral do tráfico na favela.
Cerca de 40 policiais da Divisão
de Capturas Sul e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais)
entraram no morro pouco antes
das 8h e seguiram em direção ao
topo. A polícia tinha informações
de que o traficante estaria numa
casa na localidade conhecida como Candelária.
A partir daí, a versão oficial e a
dos moradores divergem. De
acordo com a polícia, a equipe foi
atacada a tiros por seguranças de
Cássio. Já segundo os moradores,
só a polícia atirou e as cinco pessoas foram mortas após serem
rendidas. No Buraco Quente, na
entrada da favela, moradores comentavam que o horário escolhido para iniciar a operação coincidiu com a descida de crianças para as escolas.
O secretário de Esportes, Francisco de Carvalho, o Chiquinho
da Mangueira, está sendo investigado por causa de um suposto pedido de trégua ao tráfico que teria
feito ao tenente-coronel Erir da
Costa Filho, ex-comandante do 4º
Batalhão da PM. Chiquinho diz
que só pediu para que não fossem
realizadas ações nos horários de
entrada e saída de estudantes.
O coordenador de Polícia Especializada, Alan Turnówski, que
comandou a operação, disse que
não houve incidentes com crianças nem com trabalhadores. Ele
também negou que as vítimas tenham sido mortas quando já estavam rendidas: "O que houve foi
um tiroteio muito ferrenho".
Foram mortos Ricardo Francisco Viana, 31, o Blau-Blau, Sandro
Francisco da Silva, 34, o Caubi,
Max Mburde de Oliveira, 16, Carlos Henrique Assumpção, o Neném, e Luiz Cláudio da Silva Paes,
o Claudão.
Segundo a polícia, Caubi, seria o
"gerente do branco" (cocaína) e
tinha passagens pela polícia, assim como Blau-Blau. A polícia
não havia informado sobre os antecedentes dos outros três até a
conclusão desta edição.
Na operação, foi preso Robson
Carlos Ferreira, que estaria foragido. Um fuzil, duas pistolas, um revólver, 5 kg de maconha e pequena quantidade de haxixe foram
apreendidos. A polícia divulgou
ter recuperado duas motos e dois
carros roubados.
O delegado Roberto Dias afirmou ter recebido a informação de
que Cássio e Leandro Monteiro
Reis, o Pit Bull, foram baleados no
confronto.
O comércio ficou fechado o resto do dia na Visconde de Niterói e
no largo do Pedregulho. Segundo
policiais do 22º Batalhão, a ordem
teria sido dada por traficantes da
Mangueira.
Turnówski disse que novas
ações devem ocorrer nos próximos dias para dar cumprimento a
29 mandados de prisão expedidos
contra traficantes da Mangueira.
Em maio, Turnówski comandou
a operação no morro da Mineira
(Catumbi, zona norte) em que oito supostos traficantes morreram.
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