São Paulo, terça-feira, 13 de junho de 2006 |
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Entidades criticam secretário-adjunto do sistema prisional
Oficializado no cargo sábado, Lourival Gomes foi demitido da coordenação das penitenciárias paulistas em 2000
A nomeação do novo secretário-adjunto da Administração
Penitenciária de São Paulo,
Lourival Gomes, está causando
polêmica. Especialistas em direitos humanos o criticam alegando que o período em que ele
dirigiu as penitenciárias paulistas, entre 1996 e 2000, foi marcado por violações e maus-tratos aos presidiários.
Gomes também é suspeito de
abrigar em um presídio do interior uma facção criminosa rival
do PCC (Primeiro Comando da
Capital) -grupo que promoveu
os ataques à polícia em maio. A
facção beneficiada seria o CDL
(Comando Democrático de Libertação), criada na década de
90 na penitenciária de Avaré
para rivalizar com o então ascendente PCC. O CDL chegou a
ter 800 detentos. Hoje, está
praticamente extinto.
A suspeita surgiu em depoimento de um dos fundadores
do PCC, José Márcio Felício
dos Santos, o Geleião, à CPI do
Tráfico de Armas da Câmara
dos Deputados, em maio do ano
passado. O novo secretário-adjunto foi apontado por Santos
como "padrinho" do CDL.
"Quem era conivente com o
CDL era o coordenador Lourival Gomes", disse Geleião. Segundo ele, membros do CDL,
com a conivência de Gomes, tinham armas dentro da penitenciária e impediam a chegada, em Avaré, de gente do PCC.
"É temerário o Estado nomear para esse posto alguém
que foi demitido sob denúncias
de transferências fraudulentas
de pessoas ligadas ao crime organizado", diz o deputado estadual Renato Simões (PT), que
foi relator da CPI do Narcotráfico na Assembléia Legislativa.
Para Adriana Martorelli, presidente da Comissão de Política
Criminal da seção paulista da
OAB, a nomeação de Gomes
"significa um retrocesso". "Ele
dirigiu as prisões num tempo
em que a cultura que imperava
era a do terror. O Estado tem de
olhar os centros como espaços
de ressocialização", afirma.
Gomes entrou no sistema
prisional na década de 70, em
Avaré, e coordenou o Coespe
(órgão que gerencia os estabelecimentos penitenciários do
Estado) entre 1996 e 2000.
Nesse período, houve diversas
denúncias de maus-tratos nas
prisões e de tráfico de drogas
envolvendo funcionários.
Segundo a Folha apurou,
Gomes trabalha como adjunto
desde a semana passada, antes
da nomeação oficial, no sábado.
A secretaria não respondeu os
questionamentos da Folha.
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local Texto Anterior: Complexo de prisões no Rio deverá ter fórum Próximo Texto: Frases Índice |
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