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Promotoria impede na Justiça incineração de duas toneladas de drogas do Denarc
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual impediu ontem na Justiça
que o Denarc, o departamento
de narcóticos da Polícia Civil de
São Paulo, chefiado pelo delegado Everardo Tanganelli Junior, realizasse hoje, em um
forno de Mauá (ABC paulista),
a incineração de aproximadamente duas toneladas de drogas supostamente apreendidas
pelo órgão nos últimos meses.
A alegação dos promotores
do Gaeco (Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado) da capital e de
Santo André (ABC) foi a que o
Denarc, ao informar à Justiça
que realizaria a destruição, não
especificou a origem das drogas, ou seja, não revelou a quais
apreensões elas estão ligadas.
De acordo com os promotores do Gaeco, não revelar detalhes sobre a droga -como com
quem ela estava, quando, onde
e como foi apreendida- poderia servir de margem para possíveis desvios de entorpecentes
apreendidos pelo Denarc.
Os promotores também conseguiram fazer com que as duas
toneladas de drogas passem
por uma nova perícia para comprovar se são, de fato, as
apreendidas pelo Denarc.
Em vez de pedir para que o
IC (Instituto de Criminalística), que funciona no mesmo
prédio do Denarc, faça a nova
perícia no material, os promotores conseguiram que as avaliações sejam feitas agora pelo
IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas).
Delegado preso
No último dia 6, também por
investigação do Gaeco, o delegado Roberto Leon Carrel foi
preso sob a acusação de ter desviado 200 quilos de cocaína pura quando, em setembro de
2003, trabalhava no Denarc.
Três dias depois de o policial
ter sido preso pelo desaparecimento desse material, o Gaeco
fez nova denúncia contra
Carrel e o acusou de ter sumido
com outros 327,5 quilos de cocaína, desta vez em abril de
2003.
A suspeita é que ele tenha
se beneficiado de seu cargo de
delegado do Denarc, à época,
para substituir os 327,5 quilos
de cocaína.
A Folha não conseguiu localizar o advogado de Carrel.
O delegado foi, durante vários anos, um dos principais colaboradores da DEA (Drugs
Enforcement Administration,
a agência antidrogas dos Estados Unidos) no Brasil.
Por não concordar com os
métodos de atuação dele, os
agentes da órgão norte-americano romperam relações com o
Denarc. Hoje, eles têm contatos apenas com policiais federais brasileiros.
(AC)
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