São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Promotoria impede na Justiça incineração de duas toneladas de drogas do Denarc

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Estadual impediu ontem na Justiça que o Denarc, o departamento de narcóticos da Polícia Civil de São Paulo, chefiado pelo delegado Everardo Tanganelli Junior, realizasse hoje, em um forno de Mauá (ABC paulista), a incineração de aproximadamente duas toneladas de drogas supostamente apreendidas pelo órgão nos últimos meses.
A alegação dos promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) da capital e de Santo André (ABC) foi a que o Denarc, ao informar à Justiça que realizaria a destruição, não especificou a origem das drogas, ou seja, não revelou a quais apreensões elas estão ligadas.
De acordo com os promotores do Gaeco, não revelar detalhes sobre a droga -como com quem ela estava, quando, onde e como foi apreendida- poderia servir de margem para possíveis desvios de entorpecentes apreendidos pelo Denarc.
Os promotores também conseguiram fazer com que as duas toneladas de drogas passem por uma nova perícia para comprovar se são, de fato, as apreendidas pelo Denarc.
Em vez de pedir para que o IC (Instituto de Criminalística), que funciona no mesmo prédio do Denarc, faça a nova perícia no material, os promotores conseguiram que as avaliações sejam feitas agora pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).

Delegado preso
No último dia 6, também por investigação do Gaeco, o delegado Roberto Leon Carrel foi preso sob a acusação de ter desviado 200 quilos de cocaína pura quando, em setembro de 2003, trabalhava no Denarc.
Três dias depois de o policial ter sido preso pelo desaparecimento desse material, o Gaeco fez nova denúncia contra Carrel e o acusou de ter sumido com outros 327,5 quilos de cocaína, desta vez em abril de 2003.
A suspeita é que ele tenha se beneficiado de seu cargo de delegado do Denarc, à época, para substituir os 327,5 quilos de cocaína.
A Folha não conseguiu localizar o advogado de Carrel.
O delegado foi, durante vários anos, um dos principais colaboradores da DEA (Drugs Enforcement Administration, a agência antidrogas dos Estados Unidos) no Brasil.
Por não concordar com os métodos de atuação dele, os agentes da órgão norte-americano romperam relações com o Denarc. Hoje, eles têm contatos apenas com policiais federais brasileiros. (AC)


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