São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Com o trânsito deteriorado, presidente da CET deixa cargo

Kassab tira Roberto Scaringella para evitar desgaste; nota diz que ele saiu "a pedido"

Alexandre de Moraes, secretário dos Transportes, acumulará a função; Scaringella foi o primeiro presidente da CET, em 1976

ALENCAR IZIDORO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal responsável pela gestão do trânsito de São Paulo, Roberto Scaringella, deixou ontem a presidência da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), às vésperas do início da campanha eleitoral na qual o prefeito Gilberto Kassab (DEM) tentará a reeleição.
A saída de Scaringella, que estava no cargo desde o começo de 2005, foi motivada pelo desgaste político do governo devido à deterioração do trânsito na cidade, principal calcanhar-de-aquiles da gestão Kassab.
Em nota oficial, a prefeitura informou apenas que Scaringella deixou a função "a pedido". Auxiliares de Kassab e pessoas da cúpula da Secretaria de Transportes, no entanto, disseram à Folha que, embora o presidente da CET também estivesse insatisfeito no cargo, a demissão foi decidida pelo prefeito, preocupado com o desgaste do setor neste ano.
Na nota, a prefeitura informou que ele continuará no Conselho de Administração da CET. Ele não terá função executiva e deixa de interferir na política de trânsito.
O secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, acumulará a função de presidente da CET. Moraes é um dos auxiliares mais próximos de Kassab. Advogado, atuou como promotor e é a primeira vez que trabalha na área de trânsito e transportes. Ele também acumula a presidência da SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo).
Scaringella foi o primeiro presidente da CET, criada em 1976 na gestão de Olavo Setúbal. Voltou ao cargo no governo Jânio Quadros (1986 e 1987). Estava na função pela terceira vez desde 2005, nomeado pelo então prefeito e atual governador, José Serra (PSDB).
Scaringella foi um dos primeiros defensores, ainda nos anos 90, da implantação de pedágio urbano para combater os congestionamentos. Mas, como presidente da CET, evitava manifestar essa posição. Kassab se diz contra a medida.
São Paulo vive uma crise no trânsito que deve dominar os debates eleitorais. Neste ano, os índices de lentidão quebraram seguidos recordes.
A velocidade média dos carros na hora de pico da manhã despencou 23% nos últimos três anos: de 35 km/h em 2005 para 27 km/h no ano passado.
Em janeiro deste ano, época de férias, foi de 32 km/h e nos dois meses seguintes se limitou a 25 km/h. No período da tarde, a velocidade, que era de 22 km/h em 2007, não passou de 18 km/h em fevereiro.
A prefeitura chegou a anunciar dois pacotes de intervenção no trânsito. O primeiro, com obras em corredores de ônibus, proibição de estacionamento em várias ruas e divulgação de rotas alternativas, ainda não surtiu efeito.
O segundo previa maior restrição ao tráfego de caminhões, mas ainda não saiu do papel -está previsto para começar no final do mês.
Scaringella foi contatado ontem pela Folha no começo da noite. Aparentando irritação, disse que estava em uma reunião e que não poderia falar.


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