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Eleição pesou para a saída de Scaringella da prefeitura
Avaliação de auxiliares do prefeito é que piora no trânsito será sua principal "vidraça"
Integrante do governo diz que secretário quer priorizar
a operação do tráfego, reduzindo, em ano eleitoral,
a fiscalização com multas
DA REPORTAGEM LOCAL
O fator eleição teve peso determinante para a saída de Roberto Scaringella da presidência da CET, segundo integrantes da cúpula do transporte da
gestão Gilberto Kassab (DEM).
A avaliação de auxiliares do
prefeito é que a piora do trânsito de São Paulo será a principal
"vidraça" de Kassab a ser explorada pelos adversários para
barrar a sua reeleição.
E, para eles, embora tardia, a
medida pode trazer dois resultados favoráveis ao prefeito.
Primeiro, a repercussão de
que houve alguma mudança,
ainda que um "gesto" simbólico. Quando algum candidato
criticar as falhas no trânsito de
Kassab, ficará mais fácil atribuí-las ao comando trocado.
Segundo, a menor resistência
interna contra ações pontuais
rápidas defendidas por Kassab.
Um integrante da cúpula do
transporte disse à Folha que
um dos pontos de insatisfação
do prefeito -e que deve passar
por mudança breve de direcionamento- se refere ao trabalho dos marronzinhos da CET.
O secretário dos Transportes, Alexandre de Moraes, segundo esse membro da gestão
Kassab, avalia ser necessário
deslocar mais agentes para a
rua e orientar todos a priorizar
a operação do tráfego, em detrimento da fiscalização. Ou seja, nas vésperas das eleições, a
tendência é que os marronzinhos passem a multar menos.
O desgaste de Scaringella se
arrasta desde os primeiros meses do ano, tendo como principal ponto de partida a experiência feita pela CET em janeiro com a criação de uma faixa para motos na 23 de Maio.
O teste, previsto para uma
semana, foi interrompido no
meio por ordem de Kassab,
após ser considerado internamente como um desastre devido à piora dos congestionamentos. A partir daí, todas as
idéias de Scaringella passaram
a ser vistas com mais ressalvas.
O ex-presidente da CET, por
sua vez, também ficou cada vez
mais insatisfeito com a função
-tanto pela sobrecarga de responsabilidade como pela menor autonomia de recursos e de
decisões- e se retraiu.
Num dos picos de agravamento dos congestionamentos,
Scaringella disse considerar
inevitável a piora do trânsito e
que havia poucas alternativas
no curto prazo. O secretário
dos Transportes, então, anunciou um "pacote" de melhorias
quase desconhecido na CET.
Diante de novo fracasso na
repercussão das medidas (divulgação de rotas alternativas,
restrição de estacionamento
em algumas vias), consideradas
tímidas, Kassab passou a anunciar novas propostas mais drásticas -em oposição a outras
ações da CET meses antes.
A Folha apurou que boa parte das novas idéias -como
reestudo de ampliação do rodízio de veículos e restrição
maior aos caminhões- partiu
de um membro do governo José Serra (PSDB), e não da CET.
A prefeitura decidiu, a partir
daí, por exemplo, vetar a circulação da maioria dos caminhões no período diurno. A
medida, que ainda depende de
ajustes para valer no final deste
mês, foi na contramão de medidas adotadas por Scaringella
em 2007, que inclusive flexibilizaram os trabalhos de carga e
descarga.
(ALENCAR IZIDORO, EVANDRO SPINELLI e CÁTIA SEABRA)
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