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EDISON BRAGA MARCONDES (1942-2008)
Só ele compreendia Adoniran Barbosa
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As camisetas brancas que
Edison Barbosa vestia todo
dia tinham as mangas sempre dobradas nos braços.
Mania era o que não faltava
ao "virginiano de setembro",
metódico escritor e admirador do Adoniran Barbosa
que conheceu nas novelas.
Sempre que a asma deixava, cantava suas canções.
Respirava e então desatava a
contar que "Adoniran tinha
ciúme de Léa Camargo", que
não separava o real da telinha -afinal dirigira os passos do cantor como o pescador Chico Belo, o mulherengo de "Mulheres de Areia",
grande sucesso dos anos 70
que ele jamais esquecera.
O começo na Tupi, porém,
foi no rádio, quando o paulistano do Pari largou a faculdade de jornalismo para ser radialista. "Mas era apaixonado por televisão", diz a viúva.
Dirigiu "A Viagem", "O Julgamento" e a grande "Mulheres de Areia" onde Eva
Vilma brilhara como as gêmeas Ruth e Raquel.
Até que a Tupi foi à falência, em 1980. Braga não seria
o mesmo. Sua vitrine caiu
com o indiozinho da empresa. Fez, é verdade, teleteatros
da TV Cultura e até o famoso
"remake" de "O Meu Pé de
Laranja Lima", na Bandeirantes. Mas dedicou-se então aos vídeos institucionais.
Não poderia voltar à televisão. "Uma novela exigiria
demais, e já estava cansado."
Ao morrer na quarta de parada cardíaca, aos 65, deixou
cinco filhos, seis netos e algumas gavetas cheias de papel.
Eram roteiros, adaptações e
contos, todos inéditos.
obituario@folhasp.com.br
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