São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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EDISON BRAGA MARCONDES (1942-2008)

Só ele compreendia Adoniran Barbosa

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As camisetas brancas que Edison Barbosa vestia todo dia tinham as mangas sempre dobradas nos braços. Mania era o que não faltava ao "virginiano de setembro", metódico escritor e admirador do Adoniran Barbosa que conheceu nas novelas.
Sempre que a asma deixava, cantava suas canções. Respirava e então desatava a contar que "Adoniran tinha ciúme de Léa Camargo", que não separava o real da telinha -afinal dirigira os passos do cantor como o pescador Chico Belo, o mulherengo de "Mulheres de Areia", grande sucesso dos anos 70 que ele jamais esquecera.
O começo na Tupi, porém, foi no rádio, quando o paulistano do Pari largou a faculdade de jornalismo para ser radialista. "Mas era apaixonado por televisão", diz a viúva. Dirigiu "A Viagem", "O Julgamento" e a grande "Mulheres de Areia" onde Eva Vilma brilhara como as gêmeas Ruth e Raquel.
Até que a Tupi foi à falência, em 1980. Braga não seria o mesmo. Sua vitrine caiu com o indiozinho da empresa. Fez, é verdade, teleteatros da TV Cultura e até o famoso "remake" de "O Meu Pé de Laranja Lima", na Bandeirantes. Mas dedicou-se então aos vídeos institucionais.
Não poderia voltar à televisão. "Uma novela exigiria demais, e já estava cansado." Ao morrer na quarta de parada cardíaca, aos 65, deixou cinco filhos, seis netos e algumas gavetas cheias de papel. Eram roteiros, adaptações e contos, todos inéditos.


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