São Paulo, sábado, 13 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Laboratório suíço anuncia 1ª vacina contra gripe suína

Novartis diz ter obtido sucesso na produção do 1º lote; falta testar clinicamente o produto, o que deve ocorrer em julho

Anúncio ocorreu um dia após a Organização Mundial da Saúde divulgar que o mundo vive uma pandemia "moderada" da doença

Toru Hanai/Reuters
Alunos no Japão usam máscaras contra a gripe suína

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O laboratório farmacêutico suíço Novartis informou ontem ter produzido com sucesso o primeiro lote da primeira vacina contra a gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína.
O anúncio ocorreu um dia após a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgar que o mundo vive uma pandemia "moderada" da gripe.
A classificação ocorreu pelo crescente número de casos em diferentes regiões. Ao menos 29.669 pessoas, de 74 países, já contraíram gripe suína, segundo balanço de ontem da OMS. Desse total, 145 morreram.
Com o anúncio da nova vacina, a Novartis sai na frente na corrida da qual participam diversos laboratórios, entre eles o brasileiro Instituto Butantan.
Contudo, ainda são necessários testes clínicos, que serão realizados em julho, com o primeiro lote. A previsão do laboratório é que, se os testes comprovarem a eficácia do produto, a vacina possa ser licenciada a partir de setembro deste ano.
Especialistas em saúde afirmaram considerar a conclusão da primeira vacina uma "boa notícia". Ressalvaram, no entanto, que questões como preço e possíveis mutações do vírus poderão dificultar o acesso e a eficácia do produto.
Apesar de a OMS já ter afirmado não considerar a vacina uma saída viável a curto prazo, o órgão tem incentivado os laboratórios a criarem o produto.
Na quinta-feira, a OMS pediu às empresas que se concentrem na produção da nova vacina assim que terminarem a produção deste ano da vacina da gripe sazonal -que no Brasil, por exemplo, é usada na campanha de vacinação de idosos.
A resposta foi imediata por parte da Novartis, com o anúncio do novo produto na sexta-feira. Segundo a empresa, a tecnologia baseada em bancos de células permitiu maior rapidez.
O método é considerado um avanço tecnológico em relação ao sistema tradicional, em que são usados ovos embrionários de galinha. "O sistema permite a produção de vacinas com mais rapidez e em maior quantidade", explica Nancy Bellei, infectologista da Unifesp.
Isso porque as células são mais facilmente manipuladas, e o laboratório não enfrenta empecilhos como o número de ovos ou um processo de biossegurança mais complexo.
Ela afirma, porém, que a tecnologia de células é menos difundida e tende a ser mais cara, o que poderia encarecer o produto final e dificultar o acesso.
De acordo com Bellei, outra questão a ser observada são as mutações sofridas pelo vírus da gripe A. "Quanto mais ele circula, mais tem chances de sofrer mutações. Se o vírus muda, o produto pode ter que ser revisto, o que dificulta o processo."
A vacina anunciada pela Novartis foi produzida em uma fábrica em Marburg, na Alemanha. A companhia afirmou que a unidade tem potencial para produzir milhões de doses de vacina por semana.
A criação do produto também foi considerada positiva pelo infectologista Mauro Salles. Segundo ele, o fato de se chegar a um produto em pouco tempo indica um grande avanço em termos de tecnologia.
Salles diz que o mundo deve apoiar a produção em larga escala, de forma rápida, de uma nova vacina, pois desconhece a severidade de possíveis ondas do vírus no futuro.
O Instituto Butantan, em São Paulo, é o laboratório que tenta criar uma vacina brasileira contra a gripe suína. A ideia é disponibilizar o produto já neste ano para grupos de risco, como funcionários de aeroportos.


Colaboraram agências internacionais e a Folha Online

Texto Anterior: Há 50 Anos
Próximo Texto: Nordeste tem primeiro caso da doença
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.