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Municipal de SP já programa centenário
Em obras desde 2008, teatro cartão-postal da cidade começa a definir atrações de seus 100 anos em 2011
Diretoria planeja ópera de vanguarda e estrelas do piano; há também projeto de restaurante dos irmãos Campana
GABRIELA LONGMAN
DA REVISTA SÃO PAULO
Em meio a tapumes e operários, o Municipal de São
Paulo começa a definir as atividades para o seu centenário, no ano que vem.
Em obras desde julho de
2008, o teatro cartão-postal
da cidade quer fazer cem
anos em estilo bem moderno.
Um projeto dos irmãos
Campana pretende criar um
novo restaurante "design"
no subsolo do teatro, aproveitando instalações e alguns dos móveis antigos do
acervo do teatro.
Já aprovado pela Secretaria de Cultura, o projeto está
à caça de patrocinador. A
ideia é que o espaço venha
para suprir uma lacuna: afora os supertradicionais La
Casserole e Terraço Itália,
são poucos os restaurantes
sofisticados no centro.
Ao mesmo tempo em que
tenta fazer o novo espaço sair
do papel, Beatriz Franco do
Amaral, diretora do teatro,
negocia a vinda de grandes
pianistas para 2011.
"O nosso Nelson Freire, é
claro. Mas também estamos
sondando a portuguesa Maria João Pires e a argentina
Martha Argerich. Vai ser uma
programação nível Metropolitan, de Nova York."
Um espetáculo já está sendo produzido para ocupar o
palco modernizado em novembro de 2011: uma adaptação da ópera "Lulu", do austríaco Alban Berg, dirigida
por Felipe Hirsch e Daniela
Thomas, com figurinos de
Alexandre Herchcovitch.
Trata-se da primeira grande incursão de Hirsch, um
dos fundadores da Sutil
Companhia de Teatro e diretor de montagens como
"Avenida Dropsie", pelo universo da ópera.
"Não sou um especialista,
o que me traz uma irresponsabilidade ótima. Quando
perguntavam ao Orson Wells
"Como você fez isso?", sua
resposta era simplesmente
"Eu não sabia que não podia'", conta Hirsch.
Enquanto isso, os operários trabalham para terminar
o restauro da fachada e de algumas áreas internas: o Salão Nobre, as salas anexas ao
palco e o bar/restaurante.
Esta é a terceira grande reforma do prédio, que passou
por intervenções significativas em 1954 e 1978.
"A gente fez uma escolha
pelas áreas que ainda não
haviam sido restauradas e
que precisavam do acompanhamento de mão de obra especializada", explica a arquiteta e restauradora Rafaela
Calil Bernardes, uma das responsáveis pela obra.
Uma vez concluído o restauro, uma nova fase da reforma tem início: o processo
de modernização do palco,
com melhorias acústicas e
tecnológicas. O custo total
das obras é de aproximadamente R$ 20 milhões.
MUDANÇA DE ESTATUTO
O teatro aguarda sua
transformação numa fundação privada com recursos públicos, como a Osesp e a Pinacoteca, o que traria mais
autonomia à instituição.
"Se uma cantora fica gorda e eu preciso comprar cinco metros de pano, é necessário abrir uma licitação",
ironiza Beatriz do Amaral.
O projeto está na Câmara,
mas questões ligadas à aposentadoria dos 101 artistas
admitidos têm atrasado sua
aprovação.
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