São Paulo, domingo, 13 de junho de 2010

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Municipal de SP já programa centenário

Em obras desde 2008, teatro cartão-postal da cidade começa a definir atrações de seus 100 anos em 2011

Diretoria planeja ópera de vanguarda e estrelas do piano; há também projeto de restaurante dos irmãos Campana

GABRIELA LONGMAN
DA REVISTA SÃO PAULO

Em meio a tapumes e operários, o Municipal de São Paulo começa a definir as atividades para o seu centenário, no ano que vem.
Em obras desde julho de 2008, o teatro cartão-postal da cidade quer fazer cem anos em estilo bem moderno.
Um projeto dos irmãos Campana pretende criar um novo restaurante "design" no subsolo do teatro, aproveitando instalações e alguns dos móveis antigos do acervo do teatro.
Já aprovado pela Secretaria de Cultura, o projeto está à caça de patrocinador. A ideia é que o espaço venha para suprir uma lacuna: afora os supertradicionais La Casserole e Terraço Itália, são poucos os restaurantes sofisticados no centro.
Ao mesmo tempo em que tenta fazer o novo espaço sair do papel, Beatriz Franco do Amaral, diretora do teatro, negocia a vinda de grandes pianistas para 2011.
"O nosso Nelson Freire, é claro. Mas também estamos sondando a portuguesa Maria João Pires e a argentina Martha Argerich. Vai ser uma programação nível Metropolitan, de Nova York."
Um espetáculo já está sendo produzido para ocupar o palco modernizado em novembro de 2011: uma adaptação da ópera "Lulu", do austríaco Alban Berg, dirigida por Felipe Hirsch e Daniela Thomas, com figurinos de Alexandre Herchcovitch.
Trata-se da primeira grande incursão de Hirsch, um dos fundadores da Sutil Companhia de Teatro e diretor de montagens como "Avenida Dropsie", pelo universo da ópera.
"Não sou um especialista, o que me traz uma irresponsabilidade ótima. Quando perguntavam ao Orson Wells "Como você fez isso?", sua resposta era simplesmente "Eu não sabia que não podia'", conta Hirsch.
Enquanto isso, os operários trabalham para terminar o restauro da fachada e de algumas áreas internas: o Salão Nobre, as salas anexas ao palco e o bar/restaurante.
Esta é a terceira grande reforma do prédio, que passou por intervenções significativas em 1954 e 1978.
"A gente fez uma escolha pelas áreas que ainda não haviam sido restauradas e que precisavam do acompanhamento de mão de obra especializada", explica a arquiteta e restauradora Rafaela Calil Bernardes, uma das responsáveis pela obra.
Uma vez concluído o restauro, uma nova fase da reforma tem início: o processo de modernização do palco, com melhorias acústicas e tecnológicas. O custo total das obras é de aproximadamente R$ 20 milhões.

MUDANÇA DE ESTATUTO
O teatro aguarda sua transformação numa fundação privada com recursos públicos, como a Osesp e a Pinacoteca, o que traria mais autonomia à instituição.
"Se uma cantora fica gorda e eu preciso comprar cinco metros de pano, é necessário abrir uma licitação", ironiza Beatriz do Amaral.
O projeto está na Câmara, mas questões ligadas à aposentadoria dos 101 artistas admitidos têm atrasado sua aprovação.


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