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ANÁLISE
Em discussão,
a precariedade
da educação
rural no Brasil
MARIA ISABEL ANTUNES-ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA
As pesquisas atuais denunciam a precariedade física e pedagógica das escolas
rurais. Esse não é um tema
recente. No início do século
20, educadores já registravam o abandono em que se
encontravam em todo o território nacional.
Ao longo do tempo, os governos e organizações da sociedade civil se empenharam
em implantar políticas e projetos visando alterar essa realidade. Nos governos de Getúlio Vargas, por exemplo,
investiram-se recursos elevados na educação rural.
Em que pese todo o empenho, ainda não se conseguiu
implantar uma educação de
qualidade no meio rural.
As razões do fracasso foram imputadas, quase que
exclusivamente, ao baixo nível da formação docente, às
classes multisseriadas, à escassez de material pedagógico e à multiatividade do professor, entre outros.
Trataram a escola como
produtora e produto da precariedade. Não se aproximaram das condições concretas
em que ela está situada.
Na realidade, como problema maior, a maioria das
ações até então implantadas
viu apenas a escola, e não o
seu entorno.
A escola não é neutra. Ela
possui vínculos muito estreitos com a dinâmica de produção da sociedade. Logo, as
análises e proposições sobre
as escolas rurais não podem
prescindir de tratar das tensões históricas que definem
sua existência. Como exemplo, a questão da posse e do
uso da terra.
Dessa forma, faz-se necessário refletir sobre o lugar
ocupado pelos seus usuários. Historicamente, planejaram-se escolas para eles, e
não com a participação efetiva deles.
Sendo assim, a escola revelada pelas pesquisas evidencia um projeto de educação construído de forma distanciada das necessidades
dos povos que demandam
escola pública no meio rural.
A tarefa é possível. Na última década, movimentos sociais e sindicais, universidades, instituições públicas e
organizações não governamentais se articularam em
torno do movimento pela
educação do campo.
Esse movimento tem como
princípios abrir as portas da
escola para o meio que lhe
cerca e trazer a ela as vozes
daqueles a quem se destina.
Maria Isabel Antunes-Rocha é professora-adjunta na Faculdade de Educação da
UFMG e coordenadora do Núcleo de
Estudos e Pesquisas em Educação do
Campo
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