São Paulo, sábado, 13 de julho de 2002

Texto Anterior | Índice

Droga mais leve que o AZT está em teste

DO ENVIADO ESPECIAL

Comparada com Vancouver, em 1996, quando os cientistas anunciaram o coquetel de drogas que derrubou a mortalidade pela metade, a conferência de Barcelona termina sem grandes alentos para os pacientes.
Por conta disso, os principais organizadores do encontro lançaram um apelo aos laboratórios privados e à comunidade científica para que acelerem ao máximo suas pesquisas.
No caso das vacinas, 80% dos US$ 470 milhões gastos por ano em pesquisa vêm dos governos. As ONGs entram com 7%, e os laboratórios, com 13%.
A conferência não trouxe solução para as cardiopatias e lipodistrofias -gorduras localizadas- que estão surgindo com o uso prolongado do inibidor de protease, remédio que faz parte do coquetel.
De novo mesmo, apenas a confirmação da importância e da eficácia do T20, uma nova geração de droga que impede a fusão do HIV na célula. Seu uso, injetável, é destinado a pacientes que já não reagem aos remédios.
Na lista dos medicamentos em fase final de estudo estão dois inibidores de protease -classe de droga que completou o coquetel, a partir de 1996.
Uma das drogas é o atazanavir, que tem a vantagem de ser tomada uma única vez ao dia e que promete não aumentar as gorduras no sangue. A outra é o tipranavir, que pode atuar contra as cepas resistentes do vírus.

Boas notícias
Uma boa notícia são os resultados animadores da droga tenofovir, já aprovada na Europa e EUA e que aguarda liberação no Brasil. Nos estudos, alguns deles no Brasil, o remédio vem se mostrando mais eficaz e seguro que o AZT e sem os efeitos colaterais desse medicamento, que foi o primeiro a ser utilizado contra a Aids.
O AZT (ou D4T) é uma das drogas que formam o coquetel. "O tenofovir vem se mostrando capaz de agir contra vírus já resistentes às drogas dessa família", diz Ricardo Hayden, coordenador do programa municipal de DST/ Aids e Hepatite, de Santos.
"Estamos esperando a liberação desse remédio no Brasil para fazermos uma reunião do consenso de medicamentos", disse Marco Antonio de Ávila Vitória, infectologista assessor da Coordenação Nacional de DST/Aids. A tendência é que seu uso na rede pública seja liberado de imediato.
Entre as drogas em uso, os estudos também estão "comprovando a potência e a duração da eficácia do Kaletra", diz Mauro Schechter, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Outra novidade é o emprego do saquinavir associado a uma pequena quantidade do ritonavir, o que aumenta a ação fármaco-dinâmica do primeiro.



Texto Anterior: Saúde: Barcelona termina sem acordo anti-Aids
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.