São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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EDUCAÇÃO

Maior nota na área de ciências também foi obtida por aluno que se inscreveu pelo sistema reservado para negros e pardos

Candidata de cotas é 3ª colocada na UnB

ANDREA MIRAMONTES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A terceira maior nota do vestibular da UnB e a primeira colocação na área de ciências do vestibular da UnB (Universidade de Brasília) foram conquistadas por candidatos inscritos pelo sistema de cotas. É isso que revelou o resultado da primeira seleção que utilizou a reserva de 20% das vagas para negros e pardos.
A estudante Kássia Daglaby Roque Oliveira, 19, de Brasília, prestou vestibular para medicina e figura entre as três melhores colocadas de todo o vestibular. "Fiz inscrição pelas cotas, pois sou parda e cursei o ensino público", disse.
Também cotista, o primeiro colocado na área de ciências, Ricardo Rabuske Borges Silva, 16, cursa o terceiro colegial e fez vestibular "só para ganhar experiência". Ele sempre estudou em escola particular. Na área de ciências estão cursos como engenharia, química e geologia.
O sistema de cotas adotado pela universidade gerou polêmica ao utilizar como critério de avaliação -para verificar se os candidatos eram mesmo negros ou pardos- as fotografias tiradas no ato da inscrição.
Já o resultado divulgado ontem chamou a atenção pela diferença entre a nota dos últimos aprovados cotistas e não-cotistas.
No curso de medicina veterinária, por exemplo, a menor nota de quem foi aprovado pelo sistema universal foi 107,60. Já no rol dos cotistas, o último aprovado teve apenas 7,4.
Os candidatos reprovados alegam injustiça. É o caso da estudante Patrícia Braga, 18, que tentou uma vaga em medicina. "Muita gente entrou no sistema de cotas, não é negro e teve nota menor. Concordo que tem de existir uma política dessa, mas, da forma como foi feita, exclui quem estudou." Em medicina, a nota mínima pelo sistema universal foi de 361,20 e pelo sistema de cotas foi de 334,40. A prova foi a mesma para os dois sistemas.
Para o vice-reitor da universidade, Timothy Mulholland, injusta é a exclusão social. Para ele, o sistema de cotas é um avanço. "O número de candidatos por vaga não é relevante, todos os candidatos enfrentaram a mesma prova, mas não concorreram entre si, são sistemas separados."
A UnB afirma que receberá todos os recursos, mas, para julgá-los, seguirá o que está no edital. Mauro Rabelo, diretor acadêmico do Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), ressaltou que os alunos cotistas e não-cotistas não concorreram entre si. "Como alguém vai reivindicar uma vaga a que não concorreu?"


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