São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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Ônibus é incendiado em frente a bares cheios na Vila Madalena

VICTOR RAMOS
DA REDAÇÃO

Ontem, por volta das 23h, um ônibus foi incendiado na Vila Madalena, zona oeste, a poucos metros de bares -como o Filial e o Genésio- que estavam lotados no momento do ataque. Houve correria entre os clientes. Segundo relatos, ocorreram várias explosões no coletivo, que chegaram a atingir um poste de luz, que também pegou fogo.
Segundo um vendedor ambulante que trabalha na região, e preferiu não se identificar, depois do ataque "muita gente saiu correndo, deixando tudo para trás". O vendedor chegou a conversar com o motorista do ônibus depois do ataque.
"Ele me contou que três pessoas entraram no ônibus e passaram a catraca, pagando normalmente, e depois sentaram nos últimos bancos", disse. "Depois disso, parece que espalharam algum líquido pelo chão, talvez gasolina, e jogaram um coquetel molotov. O motorista teve que sair correndo, nem pegou os documentos", disse o vendedor.
Segundo relatos de pessoas que estavam nos bares, um cliente jogou uma cadeira no ônibus em chamas para que uma pessoa descesse. Em poucos minutos havia muitos policiais correndo pela rua. Os estabelecimentos comerciais começaram a fechar as portas. Muitos clientes, ainda assustados, permaneceram no interior deles, temendo novos ataques ou tiroteios. Até o fechamento desta edição, não havia notícia de feridos.

Higienópolis
O jeito apressado e o olhar desconfiado da decoradora Maria Helena Sanches, 41, deixava claro que ela estava com medo.
"Só vim no mercado porque o açúcar acabou. Moro aqui do lado e quando vi no jornal que os atentados tinham chegado tão perto, me apavorei", disse. Vizinha do Pão de Açúcar de Higienópolis, atingido por tiros e por uma bomba na madrugada de ontem, Maria Helena conta que agora só fará compras novamente na semana que vem. "Não quero mais correr risco. Vou esperar tudo acabar em casa."
Funcionária da biblioteca da Universidade Mackenzie, em frente ao mercado, Marlúcia Ferreira, 43, também estava assustada. "Só vim aqui porque precisava, mas não vejo a hora de ir embora", afirmou. "A polícia tem que fazer alguma coisa logo, a gente não pode mais continuar vivendo assim."


Colaborou DANIELA TÓFOLI, da Reportagem Local

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