São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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Delegado-geral é sócio de firma de segurança

Após ser questionado sobre a empresa, Mário Jordão Toledo Leme afirmou que já providenciou sua saída da sociedade

Na Junta Comercial, ele aparece com 95% do capital de R$ 10 mil da empresa, da qual uma sobrinha é sócia e administradora

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo e presidente do Conselho Nacional de Chefes de Polícia, Mário Jordão Toledo Leme, é sócio de uma empresa de consultoria de segurança particular.
Delegado desde 1988, Leme foi nomeado para dirigir a polícia paulista em janeiro deste ano pela gestão do governo José Serra (PSDB).
Ontem, cerca de duas horas e 30 minutos depois de ser questionado pela Folha sobre a empresa, Leme afirmou, por sua assessoria, que "já providenciou a transferência de suas cotas [na firma]".
A empresa da qual ele é sócio -com 95% do capital de R$ 10 mil-, a MM Consultoria em Segurança Ltda., segundo a Junta Comercial de São Paulo, foi aberta em 15 de dezembro de 2005, um dia após a sócia e sobrinha de Leme, Márcia, completar 26 anos.
Um dos "M" do nome da firma é do delegado-geral e outro o de sua sobrinha, Márcia, que, com 5% das cotas (R$ 500), figura como sócia e administradora, "assinando pela empresa", ainda segundo a Junta.
A MM funciona em um edifício residencial de alto padrão (cada apartamento vale, em média, R$ 400 mil) na zona oeste de São Paulo.
Leme mora no local, segundo funcionários do prédio.
Em 27 de junho, ao ser questionado pela Folha sobre a sociedade do chefe do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), delegado Youssef Abou Chahin, na empresa de segurança privada Oregon Consultoria e Assessoria em Segurança Ltda., Leme afirmou saber da participação de Chahin na empresa.
À época, ele defendeu Chahin e afirmou que "a Lei Orgânica da Polícia Civil não veda a participação do funcionário público como cotista em empresas privadas".
Ele, no entanto, não informou que, assim como Chahin, também era sócio-cotista de uma empresa de segurança.
O sócio-cotista pode ser definido por duas características: não participa do dia-a-dia da empresa e só aparece em reuniões do conselho.
Os registros da MM e da Oregon, de acordo com a Receita Federal, demonstram que ambas têm a mesma atividade econômica principal: "consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica específica". Na atividade secundária consta: "administração de caixas escolares" e "atividades de apoio à educação, exceto caixas escolares".
Para defender Chahin, nomeado chefe do Deic por ele, Leme afirmou que "não existia conflito de interesse [entre os trabalhos de Chahin, que é delegado de classe especial no Deic, e a Oregon]". Apesar disso, o delegado-geral disse que a Corregedoria da Polícia iria interrogar Chahin.


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