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Delegado-geral é sócio de firma de segurança
Após ser questionado sobre a empresa, Mário Jordão Toledo Leme afirmou que já providenciou sua saída da sociedade
Na Junta Comercial, ele aparece com 95% do capital de R$ 10 mil da empresa,
da qual uma sobrinha é sócia e administradora
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado-geral da Polícia
Civil do Estado de São Paulo e
presidente do Conselho Nacional de Chefes de Polícia, Mário
Jordão Toledo Leme, é sócio de
uma empresa de consultoria de
segurança particular.
Delegado desde 1988, Leme
foi nomeado para dirigir a polícia paulista em janeiro deste
ano pela gestão do governo José Serra (PSDB).
Ontem, cerca de duas horas e
30 minutos depois de ser questionado pela Folha sobre a empresa, Leme afirmou, por sua
assessoria, que "já providenciou a transferência de suas cotas [na firma]".
A empresa da qual ele é sócio
-com 95% do capital de R$ 10
mil-, a MM Consultoria em
Segurança Ltda., segundo a
Junta Comercial de São Paulo,
foi aberta em 15 de dezembro
de 2005, um dia após a sócia e
sobrinha de Leme, Márcia,
completar 26 anos.
Um dos "M" do nome da firma é do delegado-geral e outro
o de sua sobrinha, Márcia, que,
com 5% das cotas (R$ 500), figura como sócia e administradora, "assinando pela empresa", ainda segundo a Junta.
A MM funciona em um edifício residencial de alto padrão
(cada apartamento vale, em
média, R$ 400 mil) na zona
oeste de São Paulo.
Leme mora no local, segundo
funcionários do prédio.
Em 27 de junho, ao ser questionado pela Folha sobre a sociedade do chefe do Deic (Departamento de Investigações
Sobre o Crime Organizado),
delegado Youssef Abou Chahin, na empresa de segurança
privada Oregon Consultoria e
Assessoria em Segurança Ltda.,
Leme afirmou saber da participação de Chahin na empresa.
À época, ele defendeu Chahin e afirmou que "a Lei Orgânica da Polícia Civil não veda a
participação do funcionário
público como cotista em empresas privadas".
Ele, no entanto, não informou que, assim como Chahin,
também era sócio-cotista de
uma empresa de segurança.
O sócio-cotista pode ser definido por duas características:
não participa do dia-a-dia da
empresa e só aparece em reuniões do conselho.
Os registros da MM e da Oregon, de acordo com a Receita
Federal, demonstram que ambas têm a mesma atividade
econômica principal: "consultoria em gestão empresarial,
exceto consultoria técnica específica". Na atividade secundária consta: "administração
de caixas escolares" e "atividades de apoio à educação, exceto
caixas escolares".
Para defender Chahin, nomeado chefe do Deic por ele,
Leme afirmou que "não existia
conflito de interesse [entre os
trabalhos de Chahin, que é delegado de classe especial no
Deic, e a Oregon]". Apesar disso, o delegado-geral disse que a
Corregedoria da Polícia iria interrogar Chahin.
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