São Paulo, segunda-feira, 13 de julho de 2009

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Menina cai do 5º andar e morre no Rio; pais são presos

A polícia descarta homicídio, mas prendeu o casal sob acusação de abandono de incapaz

Rita de Cássia, 5, estava sozinha no apartamento quando caiu; os pais estavam em uma festa junina do condomínio


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A menina Rita de Cássia Rodrigues de Sena, 5, morreu na noite de sábado após cair da janela do apartamento onde morava, no 5º andar, em Tomás Coelho, na zona norte do Rio.
Os pais da garota foram presos em flagrante sob acusação de abandono de incapaz -crime que prevê pena de prisão de quatro a 12 anos. A polícia descartou a hipótese de homicídio. O pai da menina disse que a morte foi uma fatalidade.
Fátima Rodrigues de Sena e seu marido, Gilson Rodrigues de Sena, pais da menina, estavam em uma festa junina no playground do condomínio na hora da tragédia.
Segundo a mãe, na festa a garota reclamou que estava com sono. Fátima relatou que subiu com a menina por volta das 22h30 e a colocou para dormir.
Fátima contou à polícia que resolveu voltar para a festa por volta das 23h para chamar a filha mais velha, de 14 anos, que está grávida.
Quando voltou ao apartamento, às 23h25, não achou a menina e pediu ajuda. Os vizinhos encontraram Rita caída no estacionamento.
"Foi uma fração de segundo, tudo muito rápido. Quando vi o apartamento vazio, entrei em desespero. Achei que tivessem sequestrado a minha filha. Foi horrível", disse Fátima.
Segundo a polícia, a menina passou por um buraco na rede de proteção da janela da área de serviço. O rombo que já existia foi provavelmente alargado pela menina, que tinha uma pequena tesoura, onde foram encontrados fragmentos da tela.
Antes de cair, a menina arremessou pela janela alguns objetos, como um lençol, um cobertor, uma mochila com roupas e brinquedos e a própria tesoura.
O delegado-adjunto da 25ª DP (Rocha), Marco Aurélio de Castro, disse que todas as evidências apontam para um caso de abandono de incapaz, agravado e qualificado por ter resultado em morte e por ter sido praticado pelos pais da vítima.
"Foi uma fatalidade, sem dúvida, mas eles são responsáveis. Jamais poderiam ter deixado a menina sozinha. Foi negligência", disse Castro.
O delegado disse que a hipótese de homicídio está totalmente descartada graças às imagens de três câmeras do circuito interno de TV do prédio, instalado há apenas três meses.
Nas cenas, que captaram o momento da queda (às 23h24), não aparece ninguém entrando no apartamento no período em que a garota ficou sozinha.
Castro disse que Rita não tinha marcas de agressão e que parecia ser bem tratada. "Era uma menina forte, robusta, bem nutrida. O próprio peso pode ter feito a rede ceder."
De acordo com Castro, Rita provavelmente queria chamar a atenção dos pais ou estava brincando quando caiu.
Para o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e à Adolescência, não há dúvida de que se trata de um caso de negligência, embora tenha dúvidas se a prisão se justificaria num caso desses, em que não houve intenção de matar.
"Criança tem de ser vigiada o tempo todo. Mas esse tipo de prisão é discutível", diz ele.


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