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Menina cai do 5º andar e morre no Rio; pais são presos
A polícia descarta homicídio, mas prendeu o casal sob acusação de abandono de incapaz
Rita de Cássia, 5, estava sozinha no apartamento quando caiu; os pais estavam em uma festa junina do condomínio
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A menina Rita de Cássia Rodrigues de Sena, 5, morreu na
noite de sábado após cair da janela do apartamento onde morava, no 5º andar, em Tomás
Coelho, na zona norte do Rio.
Os pais da garota foram presos em flagrante sob acusação
de abandono de incapaz -crime que prevê pena de prisão de
quatro a 12 anos. A polícia descartou a hipótese de homicídio.
O pai da menina disse que a
morte foi uma fatalidade.
Fátima Rodrigues de Sena e
seu marido, Gilson Rodrigues
de Sena, pais da menina, estavam em uma festa junina no
playground do condomínio na
hora da tragédia.
Segundo a mãe, na festa a garota reclamou que estava com
sono. Fátima relatou que subiu
com a menina por volta das
22h30 e a colocou para dormir.
Fátima contou à polícia que
resolveu voltar para a festa por
volta das 23h para chamar a filha mais velha, de 14 anos, que
está grávida.
Quando voltou ao apartamento, às 23h25, não achou a
menina e pediu ajuda. Os vizinhos encontraram Rita caída
no estacionamento.
"Foi uma fração de segundo,
tudo muito rápido. Quando vi o
apartamento vazio, entrei em
desespero. Achei que tivessem
sequestrado a minha filha. Foi
horrível", disse Fátima.
Segundo a polícia, a menina
passou por um buraco na rede
de proteção da janela da área de
serviço. O rombo que já existia
foi provavelmente alargado pela menina, que tinha uma pequena tesoura, onde foram encontrados fragmentos da tela.
Antes de cair, a menina arremessou pela janela alguns objetos, como um lençol, um cobertor, uma mochila com roupas e
brinquedos e a própria tesoura.
O delegado-adjunto da 25ª
DP (Rocha), Marco Aurélio de
Castro, disse que todas as evidências apontam para um caso
de abandono de incapaz, agravado e qualificado por ter resultado em morte e por ter sido
praticado pelos pais da vítima.
"Foi uma fatalidade, sem dúvida, mas eles são responsáveis.
Jamais poderiam ter deixado a
menina sozinha. Foi negligência", disse Castro.
O delegado disse que a hipótese de homicídio está totalmente descartada graças às
imagens de três câmeras do circuito interno de TV do prédio,
instalado há apenas três meses.
Nas cenas, que captaram o
momento da queda (às 23h24),
não aparece ninguém entrando
no apartamento no período em
que a garota ficou sozinha.
Castro disse que Rita não tinha marcas de agressão e que
parecia ser bem tratada. "Era
uma menina forte, robusta,
bem nutrida. O próprio peso
pode ter feito a rede ceder."
De acordo com Castro, Rita
provavelmente queria chamar
a atenção dos pais ou estava
brincando quando caiu.
Para o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e
à Adolescência, não há dúvida
de que se trata de um caso de
negligência, embora tenha dúvidas se a prisão se justificaria
num caso desses, em que não
houve intenção de matar.
"Criança tem de ser vigiada o
tempo todo. Mas esse tipo de
prisão é discutível", diz ele.
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