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SAÚDE/GASTROENTEROLOGIA
Pancreatite leva à morte em até 20% dos casos
Inflamação pode ser causada por cálculos na vesícula biliar ou abuso do álcool
Manter uma alimentação saudável, com menos gordura, e buscar ajuda médica rapidamente são formas de combater doença
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
A morte do ator Irving São
Paulo, 41, em decorrência de
uma pancreatite e a retirada da
vesícula biliar da apresentadora Glória Maria, 56, na última
semana, levantaram dúvidas
sobre o funcionamento dessa
parte do sistema digestivo.
A pancreatite é a inflamação
do pâncreas e pode ter diferentes causas, mas, segundo médicos, a maioria decorre de pedras na vesícula biliar. Cerca de
80% das pancreatites são leves
e as outras 20%, graves.
"Não tem nada pior no abdômen de um paciente do que
uma pancreatite aguda necro-hemorrágica [estágio avançado
da doença]. É um quadro dramático", afirma o gastro-cirurgião do Hospital das Clínicas
Marcelo Ribeiro Júnior.
A apresentadora retirou a vesícula após sofrer uma crise de
pancreatite aguda leve. Isso
porque a principal causa da
doença é a presença de cálculos
na vesícula biliar, a chamada
microlitíase. Microcálculos escapam da vesícula e migram
por um canal de 3 mm de diâmetro. Essas pedrinhas entopem a confluência entre esse
canal e outro, que leva o suco
pancreático para o intestino.
Com isso, as enzimas começam a atacar o pâncreas. "A secreção que produz digere o próprio órgão. Como ela não é excretada, começa um processo
autodestrutivo", explica.
O tratamento da pancreatite,
em um primeiro momento, é
composto por jejum, soro e,
muitas vezes, antibióticos. O
paciente precisa ficar internado para fazer uma série de exames. O primeiro objetivo é tentar verificar se foram cálculos
que desencadearam a crise. Depois, é preciso descobrir se o
microcálculo ainda está obstruindo o canal. Se estiver, uma
endoscopia libera a passagem.
Especialistas dizem que a
operação do pâncreas é adiada
pois é preciso repetir até dez
vezes a cirurgia, na qual a cavidade é lavada e drenada -partes necrosadas são retiradas.
"Às vezes, é preciso fazer inúmeras cirurgias. Hoje, cerca de
20% dos pacientes com pancreatite morrem da necro-hemorrágica", diz Ilka Boin, professora da Unicamp.
Além da necrose, há o risco
de que a doença se espalhe. "Os
órgãos que mais sofrem são os
rins e pulmões. Se não houver
resposta ao tratamento, pode
ocorrer uma falência múltipla",
afirma o chefe do Grupo de Fígado, Vias Biliares e Pâncreas
da Unifesp, Edson José Lobo.
Causas
Além do cálculo na vesícula,
o canal também pode ser obstruído por um tumor.
A segunda causa mais freqüente da doença é o consumo
excessivo e prolongado de álcool, que afeta o metabolismo
da glândula. "O pâncreas vai,
devagarinho, sofrendo alterações. O álcool faz com ele trabalhe demais. Nesses casos, ocorre a pancreatite crônica", diz
Ribeiro Júnior. Outras causas,
menos comuns, são: medicamentos, excesso de triglicéries,
lesão, caxumba e até vermes.
A prevenção da doença é feita
por meio de uma alimentação
balanceada. É preciso evitar alimentos gordurosos e com muito açúcar. Outro conselho importante é não demorar para
buscar auxílio médico quando
houver suspeita da doença. Segundo Ilka Boin, a partir do início da dor, o quadro se agrava
intensamente. "É um processo
rápido, questão de horas", diz.
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