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Sindicatos dizem que policiais civis entram em greve às 8h de hoje
Entidades afirmam que vão suspender investigações e registros de acidentes e crimes como roubos e furtos; a PM não vai parar
Justiça determinou ontem
a manutenção de 80% do efetivo; categoria é formada por 35 mil policiais, incluindo delegados e investigadores
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 19 sindicatos de policiais
civis de São Paulo -entre os
quais o de delegados, investigadores, escrivães, peritos e carcereiros -decidiram entrar em
greve a partir das 8h de hoje por
tempo indeterminado.
De acordo com o comitê organizador do movimento, os
policiais vão paralisar as investigações e deixar de registrar
acidentes de trânsito e crimes
como roubos, furtos e ameaças.
O comitê sindical diz que o
boletim de ocorrência será feito só nas situações em que haja
prisão em flagrante e em "casos
graves", o que significa, por
exemplo, homicídios e seqüestros, embora a definição do que
é caso grave dependerá do
"bom senso" de cada policial. À
noite, a Justiça determinou a
manutenção de 80% do efetivo.
Os policiais militares, que fazem o policiamento de rua, não
aderiram à greve e continuam a
trabalhar normalmente.
Em nota oficial, a Secretaria
da Segurança Pública se diz
"otimista" sobre as negociações
e apela para o "bom senso" dos
policiais. Na tarde de ontem, no
entanto, não houve sucesso na
negociação feita pela Secretaria
de Gestão Pública com o sindicato dos delegados.
A Folha apurou que o governo José Serra (PSDB) acredita
que o movimento é liderado
basicamente por aposentados e
terá baixa adesão, que será
maior entre os investigadores e
com mais impacto no interior.
O governo já decidiu que, se
houver paralisação, as negociações serão interrompidas.
Quem for vítima de um crime deverá ligar para o distrito
policial da região a fim de saber
se a unidade está atendendo ou
se aderiu ao movimento.
A categoria é formada por
cerca 35 mil policiais civis. Um
delegado em início de carreira
recebe hoje R$ 3.708, incluindo
gratificações. Um investigador
iniciante ganha R$ 1.757.
O comitê organizador da greve apresentou ao governo uma
lista com pelo menos oito reivindicações. A principal é um
aumento que varia de 58% a
200%, dependendo da categoria -o governo do Estado diz
concordar em discutir uma
reestruturação das carreiras, o
que provocaria um aumento
imediato para os policiais, mas
com índices bem menores.
Mas há também exigências
que o governo qualifica como
"irrealistas, impertinentes e inconstitucionais" como eleição
direta para escolha do delegado-geral (hoje é por nomeação)
e o direito à "inamovibilidade",
ou seja, os policiais só poderiam ser transferidos de unidade por vontade própria ou em
caso de promoção, como ocorre com promotores e juízes.
De acordo com o governo estadual, se todos os pedidos fossem atendidos, a folha de pagamento da Secretaria da Segurança Pública passaria de R$ 7
bilhões para R$ 15 bilhões.
Cartilha
Segundo cartilha divulgada
pela Adpesp (Associação dos
Delegados de Polícia do Estado
de São Paulo), só 30% do efetivo irá trabalhar, e apenas para
atender os casos urgentes.
À noite, porém, a desembargadora Dora Vaz Treviño, do
Tribunal Regional do Trabalho,
determinou que os policiais civis deverão manter 80% do efetivo, "sem interrupção total de
qualquer tipo de atividade". Ela
fixou multa diária de R$ 200
mil ao dia, em caso de descumprimento da ordem.
O presidente do Sipesp (Sindicato dos Investigadores de
Polícia do Estado de São Paulo), João Batista Rebouças da
Silva Neto, disse que, para não
desrespeitar a ordem judicial, a
categoria vai manter 100% dos
policiais nos distritos policiais,
mas irá atender só com 30%,
como prevê a lei.
A desembargadora marcou
audiência de conciliação para
as 13h de hoje.
(ROGÉRIO PAGNAN, LUIS KAWAGUTI, ANDRÉ CARAMANTE e CATIA SEABRA)
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