São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

42% das grávidas têm algum tipo de DST, diz pesquisa

Dados sobre doenças sexualmente transmissíveis são do governo; pesquisa ouviu cerca de 3.300 mulheres atendidas pelo SUS

A maior parte das gestantes, 40,4%, tinha o vírus do HPV; casos de clamídia e sifílis são os que mais preocupam os médicos

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

De um grupo de cerca de 3.300 mulheres grávidas, 42% apresentavam pelo menos uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), mostra pesquisa feita pelo Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde.
A maior prevalência encontrada no grupo foi de HPV, doença que pode causar câncer no colo do útero. De acordo com os dados, 40,4% das 3.303 gestantes analisadas tinham o vírus e, na maioria dos casos, tratava-se de HPV de alto risco.
A pesquisa também revela que o vírus apareceu freqüentemente combinado a outras infecções, como a clamídia -doença que pode provocar parto prematuro.
A maioria das gestantes do estudo (79%) tinha até 29 anos e encontrava-se em uma união estável (72,8%). Os questionários e exames foram feitos em mulheres que procuram os serviços de pré-natal do SUS (Sistema Único de Saúde).
Para o estudo, o Programa Nacional de DST e Aids coletou dados em seis capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus, Fortaleza e Goiânia) entre os anos de 2004 e 2005. A pesquisa foi elaborada em 2006 e 2007 e apresentada nesta semana.
Segundo Valdir Pinto, chefe da unidade de Doenças Sexualmente Transmissíveis do programa, o percentual de grávidas com HPV não é o mais preocupante, pois só a presença do vírus, sem lesão, não apresenta risco para o bebê.
São os casos de clamídia e sífilis que trazem alerta maior. Depois do HPV, a clamídia é a segunda DST mais freqüente no grupo de mulheres que participou da pesquisa, com 9,4% de prevalência.
A sífilis, na seqüência, aparece em 2,6% das grávidas, seguida pela gonorréia, em 1,5% das gestantes, a hepatite B, em 0,9%, e o HIV, em 0,5%.
"A clamídia e a sífilis podem provocar problemas graves para a mãe e para o bebê, podendo levar à morte fetal e à ruptura precoce da bolsa, por exemplo", afirma o diretor.
Ele diz que ambas as doenças são curáveis e de tratamento fácil. "Se não forem tratadas, a clamídia implica maiores riscos para a mãe e a sífilis oferece imenso risco para o feto."
Valdir Pinto afirma que dois dados da pesquisa acenam para as possíveis formas de contágio das gestantes. Quase a metade das grávidas (49,2%) disse que nunca usa preservativo com o parceiro fixo. Além disso, cerca de 17% das mulheres entrevistadas afirmaram que tiveram mais de um parceiro sexual nos 12 meses anteriores.
O ginecologista Antônio Carlos da Cunha, professor da faculdade de medicina da UnB (Universidade de Brasília), confirma que as mulheres casadas ou que têm um parceiro fixo ficam expostas ao HPV e a outras DST, em geral, porque é baixo o uso de preservativo em seus relacionamentos. "Normalmente, o HPV está associado a outras infecções também. Há uma correlação alta entre o vírus e a clamídia."

Sífilis na gravidez
Grávida de quatro meses, a dona de casa C. S., 27, começou o tratamento para sífilis há duas semanas.
Ela é casada há seis anos e afirma que só usou preservativo quando ainda namorava seu atual marido. "Descobri que estava doente quando fui fazer o pré-natal", conta ela.
C.S., que mora em uma cidade-satélite de Brasília, diz que não contou sobre o problema para ninguém de sua família por se sentir constrangida. "Não sei como peguei a doença, já que meu marido foi o único homem que tive."


Texto Anterior: Minas Gerais: 3 se ferem após avião cair em depósito em BH
Próximo Texto: Projeto quer proibir farmácias de vender de chinelo a cerveja
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.