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42% das grávidas têm algum tipo de DST, diz pesquisa
Dados sobre doenças sexualmente transmissíveis são do governo;
pesquisa ouviu cerca de 3.300 mulheres atendidas pelo SUS
A maior parte das gestantes,
40,4%, tinha o vírus do
HPV; casos de clamídia e
sifílis são os que mais
preocupam os médicos
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
De um grupo de cerca de
3.300 mulheres grávidas, 42%
apresentavam pelo menos uma
DST (Doença Sexualmente
Transmissível), mostra pesquisa feita pelo Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde.
A maior prevalência encontrada no grupo foi de HPV,
doença que pode causar câncer
no colo do útero. De acordo
com os dados, 40,4% das 3.303
gestantes analisadas tinham o
vírus e, na maioria dos casos,
tratava-se de HPV de alto risco.
A pesquisa também revela
que o vírus apareceu freqüentemente combinado a outras
infecções, como a clamídia
-doença que pode provocar
parto prematuro.
A maioria das gestantes do
estudo (79%) tinha até 29 anos
e encontrava-se em uma união
estável (72,8%). Os questionários e exames foram feitos em
mulheres que procuram os serviços de pré-natal do SUS (Sistema Único de Saúde).
Para o estudo, o Programa
Nacional de DST e Aids coletou
dados em seis capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro,
Porto Alegre, Manaus, Fortaleza e Goiânia) entre os anos de
2004 e 2005. A pesquisa foi
elaborada em 2006 e 2007 e
apresentada nesta semana.
Segundo Valdir Pinto, chefe
da unidade de Doenças Sexualmente Transmissíveis do programa, o percentual de grávidas com HPV não é o mais
preocupante, pois só a presença do vírus, sem lesão, não
apresenta risco para o bebê.
São os casos de clamídia e sífilis que trazem alerta maior.
Depois do HPV, a clamídia é a
segunda DST mais freqüente
no grupo de mulheres que participou da pesquisa, com 9,4%
de prevalência.
A sífilis, na seqüência, aparece em 2,6% das grávidas, seguida pela gonorréia, em 1,5% das
gestantes, a hepatite B, em
0,9%, e o HIV, em 0,5%.
"A clamídia e a sífilis podem
provocar problemas graves para a mãe e para o bebê, podendo levar à morte fetal e à ruptura precoce da bolsa, por exemplo", afirma o diretor.
Ele diz que ambas as doenças
são curáveis e de tratamento
fácil. "Se não forem tratadas, a
clamídia implica maiores riscos para a mãe e a sífilis oferece
imenso risco para o feto."
Valdir Pinto afirma que dois
dados da pesquisa acenam para
as possíveis formas de contágio
das gestantes. Quase a metade
das grávidas (49,2%) disse que
nunca usa preservativo com o
parceiro fixo. Além disso, cerca
de 17% das mulheres entrevistadas afirmaram que tiveram
mais de um parceiro sexual nos
12 meses anteriores.
O ginecologista Antônio Carlos da Cunha, professor da faculdade de medicina da UnB
(Universidade de Brasília),
confirma que as mulheres casadas ou que têm um parceiro
fixo ficam expostas ao HPV e a
outras DST, em geral, porque é
baixo o uso de preservativo em
seus relacionamentos. "Normalmente, o HPV está associado a outras infecções também.
Há uma correlação alta entre o
vírus e a clamídia."
Sífilis na gravidez
Grávida de quatro meses, a
dona de casa C. S., 27, começou
o tratamento para sífilis há
duas semanas.
Ela é casada há seis anos e
afirma que só usou preservativo quando ainda namorava seu
atual marido. "Descobri que estava doente quando fui fazer o
pré-natal", conta ela.
C.S., que mora em uma cidade-satélite de Brasília, diz que
não contou sobre o problema
para ninguém de sua família
por se sentir constrangida.
"Não sei como peguei a doença,
já que meu marido foi o único
homem que tive."
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