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FOCO
Biblioteca comunitária instalada em favela inspira as músicas de um jovem
FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
Anderson Aparecido Bandeira da Silva, 16, ficou conhecido no Jardim Panorama, favela da zona oeste de
São Paulo, por seus raps, que
tratavam da violência.
A fonte de inspiração do
garoto apelidado MC Guri, no
entanto, mudou há um ano,
quando ele passou a frequentar a biblioteca comunitária da região onde mora.
A partir da leitura de um livro sobre a lembrança, fez
uma música para três pessoas queridas que perdeu.
MC Guri é presença assídua na biblioteca comunitária. Tudo para manter fresco
o novo repertório que apresenta em shows feitos em comunidades pobres da região.
Os versos de MC Guri passaram de "E olha o Panô aí de
novo / botando a chapa
quente" para "A favela não é
a mesma / se liga no meu papo / porque se foram embora
/ Paulinho, Kevin e Renato"
-estes últimos versos são da
primeira música sob a influência dos livros, para três
vizinhos que morreram.
MC Guri trocou a batida do
rap pela do funk, para combinar mais com sua nova fase.
Os quadrinhos foram a
porta de entrada do garoto
para a literatura. Depois, vieram os livros de aventura.
Hoje, ele lê até poesias.
A biblioteca, aberta no final de 2009, é do projeto "Ler
é Preciso", do Instituto Ecofuturo, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criada pela
fabricante de papel Suzano.
A sustentabilidade do projeto foi medida pelo Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Iets
(Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).
A conclusão: apesar de alguns problemas de manutenção, as bibliotecas conseguiram se manter nas comunidades e tiveram seus acervos ampliados por doações.
Guri agradece. "Com os livros, vieram vários tipos de
letra à minha mente."
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