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Leonardo Colosso/Folha Imagem
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A produtora Flávia Ceccato, que gosta da estética sodomasoquista, mas considera a prática muito pesada
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SADOMASOQUISMO
Estilização transforma transtorno em fonte de inspiração para casais, moda e jogos adolescentes na TV
Culto à dor troca pancadaria por fantasia
ANTONINA LEMOS
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
O couro e o espartilho dos rituais
sadomasoquistas estão saindo do
escuro dos guetos para a moda das
ruas e a cama dos casais. Numa
versão mais fantasia e menos pancadaria, correntes, máscaras e chicotes inspiram estilistas e animam
jogos sexuais e programas de TV.
O culto à dor e à humilhação,
que identifica a prática sadomasoquista, é classificado pelos psiquiatras como "transtorno de
preferência" sexual. É um desvio
que precisa de tratamento quando
vira uma prática exclusiva e obsessiva. Passa a ser patológico quando a dor não traz mais prazer.
No trajeto do gueto para a cama
dos casais, o sadomasoquismo virou sigla -S&M-, ocupou espaço na Internet, ganhou coluna de
revistas, classificados próprios e
ampliou os ganhos e a variedade
dos produtos de sex shops.
A figura da dominatrix (leia
glossário abaixo), de salto alto,
roupa de couro preto e chicote virou quase "família" e chegou ao
horário vespertino da televisão.
No programa H, exibido pela TV
Bandeirantes, a personagem Tiazinha -com fantasia de dominadora- faz sucesso brincando de
torturar os adolescentes que participam do programa.
Na rede de sex shop Ponto G,
que tem cinco lojas na cidade de
São Paulo, a venda de produtos
S&M cresceu cerca de 70% no último ano. A rede vende desde algemas de pelúcia até cintos de castidade importados.
Nos classificados pessoais dos
jornais, o sadomasoquismo é o fetiche que tem maior número de
anúncios publicados.
Parafernália
Os consumidores, no entanto,
não são necessariamente adeptos
do sadomasoquismo pesado. Embora não haja pesquisas a respeito,
sabe-se que a parafernália S&M é
mais empregada nos jogos eróticos, hetero e homossexuais.
Entre os lençóis das pessoas classificadas como normais, a adoção
de práticas sadomasoquistas leves
pode temperar as relações, lembram alguns especialistas. "É uma
forma de não deixar a sexualidade
acabar", diz o médico e psicoterapeuta Moacir Costa.
"Atitudes ou fantasias sadomasoquistas permeiam a grande
maioria das relações sexuais das
pessoas", afirma Carmita Abdo,
coordenadora do Prosex, um projeto de sexualidade do Instituto de
Psquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Moda
O cenário, os objetos e a fantasia
que compõem o sadomasoquismo
não poderiam escapar ao olhar
dos estilistas de alta costura. Criadores conceituados, como Alexander McQueen e Jean Paul
Gaultier associam S&M a glamour
em suas coleções.
No Brasil, a moda já conquistou
seguidores. É esse o caso da produtora Flávia Ceccato, 26, que
adotou no dia-a-dia roupas de
borracha, preto e salto muito alto.
"Admiro essa estética, acho bonito, sensual e provocativo", diz
Flávia, que compra a maioria de
suas peças no exterior. Ela conta
que já chegou a frequentar festas
sadomasoquistas em Londres,
mas que é mais atraída pelo lado
fashion do S&M. "A filosofia dos
adeptos é muito pesada."
O escritor S., 25, também compra acessórios importados. Só que
com outro objetivo. "Gosto de ser
dominado, é uma fantasia."
Os acessórios sadomasoquistas
podem ser encontrados também
na Internet. Sites brasileiros como
o ViaSexy vendem pela rede kits
S&M, compostos por algema, coleira e tornozeleira, por R$ 98,70.
A moda do sadomasoquismo irrita os adeptos sérios da prática.
"Tem muita gente em grupos na
Internet que não leva a prática a
sério", diz a dominatrix Rainha
Laura, que trabalha como dominadora há 11 anos. Laura diz atender sete clientes por semana. A
maioria, homens casados.
Os clubes de sadomasoquismo
não existem só nos guetos do centro da cidade. Em uma rua movimentada da zona sudoeste de São
Paulo, um bar dedica uma noite
por semana aos adeptos do S&M.
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