São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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ENTRE TAPAS E CHICOTES
Rainha Laura leva "escravos" para jaula

Clientes pagam R$ 200 por sessão de uma hora

Da Reportagem Local

A dominadora Laura, 29, gosta de ser chamada de rainha pelos seus clientes. Ela é a "dominatrix" mais famosa de São Paulo.
Seu local de trabalho é um estúdio cheio de aparelhos sadomasoquistas - entre eles uma jaula - montado nos fundos do Sex Shop Ateliê Eliana, no centro da cidade. É lá que Laura atende seus "escravos", que pagam R$ 200 por uma hora.
Durante as sessões, Laura não mantém relação sexual com seus clientes. "Eles vêm aqui só para serem dominados por mim", diz Laura, com orgulho. Ela assume sentir prazer no trabalho que faz. "É o útil unido ao agradável, dar uma chicotada é ter um orgasmo cósmico", diz.
Laura trabalha como "dominatrix" há 13 anos. "Tomei gosto pela coisa com um ex-namorado, foi aí que eu descobri que era sádica, nunca gostei da relação sexual convencional." Ela atende entre cinco e sete clientes por semana. "A maioria são homens casados que não têm coragem de pedir para a mulher praticar suas fantasias", conta.
Entre essas fantasias, estão a de ser chicoteado, amarrado e algemado. "Sou eu que escolho o que fazer com os clientes, eles vêm aqui para receber ordens." Mesmo assim, Laura diz que evita bater com força. "Antes da seção, converso com eles. Muitos são casados e não querem chegar em casa com marcas."
A "dominatrix" leva o sadomasoquismo também para fora do trabalho. "Tenho meu "escravo' particular, saímos para passear e fazer coisas, mas nossa relação sexual é de dominação."
O sexo convencional é considerado por ela "muito sem graça". "Depois que você libera as fantasias, fica difícil se contentar com o normal", diz. Ela conta que seu lado dominador ocupa só a sua vida sexual. "Sou dominadora mas sou amiga", diz.
No outro lado da cidade, numa casa de massagem instalada em Pinheiros, Suzana ensina o que é preciso para ser uma "sádica de programa". "Não é só bater, tem que saber dominar, submeter o outro com o olhar."
"Suzana, a dominadora", como é conhecida, tem 31 anos e 4 de programas. Diz cobrar R$ 80 por hora e receber quatro a cinco clientes por dia. A maioria é casado, tem família constituída, faz ali o que gostaria de fazer em casa, afirma Suzana.
Uma minoria prefere métodos violentos, trazem cigarros e velas para serem queimados. "Um empresário costuma vir aqui quando está de viagem para o exterior. Sai todo cheio de marcas de cigarro e vai para o aeroporto. Só volta para casa quando as marcas desaparecem."
Alguns mais discretos trazem uma sandália de couro na pasta de executivo, abaixam as calças e pedem para Suzana bater. "Depois ficam conversando, pagam e saem felizes." (AL e AB)


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