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TRAGÉDIA EM OSASCO
Negligência seria motivo inicial; polícia procura outros responsáveis
Bispo deve ser indiciado
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
Já está quase certo para a Polícia
Civil de Osasco (Grande São Paulo) que integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus deverão
ser incriminados como responsáveis pelo trágico acidente que provocou, até o momento, a morte de
25 evangélicos.
A polícia está analisando os poucos documentos apresentados para tentar definir se outras pessoas,
como o dono do imóvel, também
poderão ser responsabilizados.
Na madrugada do último sábado, parte do telhado da sede regional da igreja -localizada no centro da cidade- desabou. Além
das mortes, mais de 400 fiéis ficaram feridos, alguns permanecem
internados em estado grave.
No mínimo, pastores e o bispo
Reinaldo Santos Suisso, responsável pela sede regional da Universal, poderão ser indiciados sob a
acusação de negligência. Suisso estava à frente da vigília no momento do desabamento.
Isso porque, segundo admitiu o
próprio bispo à polícia, partes do
forro acústico -ou do telhado,
ainda não se sabe ao certo- despencaram pelo menos uma hora
antes de o teto vir abaixo.
Apesar dos sinais -foram pelo
menos três nesse espaço de tempo-, o culto prosseguiu como se
nada tivesse acontecido.
"Tá amarrado", teria dito um
pastor ou Suisso no momento da
queda da suposta placa de lã de vidro, segundo afirmou em depoimento o desempregado Renato
Silva Conceição, fiel da Universal
há quatro meses. "Amarrado",
segundo o jargão dos seguidores
da Universal, significa "presença
de maus espíritos".
"Depois, a gente começou a
cantar e a orar", disse Conceição.
Dois deputados -um estadual e
outro federal-, ligados à igreja e
candidatos à reeleição, estavam
presentes ao culto. Um deles também teria dito "tá amarrado".
Além disso, já está quase comprovado que algumas das saídas
do templo estavam fechadas. Os
peritos do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo constataram o rompimento do cadeado
que trancava a entrada principal
do prédio. Apesar de a Universal
negar esse fato, fiéis ouvidos pela
Folha confirmaram a informação.
O advogado da Universal, Antonio Roberto Barbosa, disse que
não fará comentários sobre as investigações antes de o IC concluir
seu laudo (leia texto nesta página).
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