São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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Com 15 anos de carreira, Lorena Calábria, 34, apresentadora do Metrópolis da TV Cultura, não é famosa nem ganha rios de dinheiro e trabalha demais. Muitos podem achar que isso é uma vida não muito invejada, mas Lorena diz que não poderia estar melhor. "Faço o que eu adoro, todos os dias. Não sou famosa e isso não me interessa." Além do Metrópolis, Lorena começou a apresentar um programa sobre cinema no canal USA (TV paga) e está envolvida em um documentário na Cultura.

Você se incomoda com o fato de estar há cinco anos fazendo o mesmo programa?
De jeito nenhum. Muita gente fala que essa área é meio restritiva, por ser cultural e tal, mas prefiro continuar fazendo isso, mesmo que não tenha muita opção de mercado.
Você gostaria de ter maior audiência de programa?
Olha, a Cultura não tem grande audiência, mas é um público diferente, seletivo. Gosto disso. Não sou nenhum pouco ligada em ficar famosa, sair na rua e o mundo para e falar "olha lá, a Lorena". Não gosto da superexposição. Hoje, quando saio, sou pouco reconhecida. Também sou muito discreta. Tenho horror a esse papo de estrela.
O que você acha de modelo, gente com rosto bonito, virar apresentadora, atriz?
Olha, isso sempre vai ter. Não me incomodo com isso. Tem muita gente que quer fama, virar estrela do jornalismo. Mas acho que não pode confundir as coisas. O trabalho de quem aparece na tela é tão importante quanto o trabalho do editor, do câmera... É uma equipe. A pessoa não pode se achar mais importante que o programa. Por isso acho perigoso esse negócio de virar estrela. As pessoas acabam confundindo as coisas.
Você teve vontade de fazer outros programas?
Já recebi propostas de outras emissoras, mas não me entusiasmei. Até poderia estar melhor financeiramente, mas não abro mão de fazer o que eu gosto.
Você é exigente com trabalho?
Sou muito perfeccionista. Admito que sou meio chata, o terror dos editores. Leio o texto e, se achar que deve mudar isso ou aquilo, eu peço para mudar. Se pintar dúvida nome de algum filme, por exemplo, vamos checar e assim vai.
Você tinha em mente ser apresentadora de TV?
Não, comecei fazendo roteiro. Também sempre fui muito tímida. Até fiz curso de teatro para me soltar quando comecei na TV, o que me ajudou muito. Para ter uma idéia, eu era do tipo de levantar a mão na sala de aula para falar com o professor.
E como é apresentar o programa ao vivo?
Olha, hoje, eu me sinto segura, principalmente porque conheço bem o assunto do programa. É como se estivesse conversando com alguém. Não fico encanada com engasgar, errar... Mas eu fico muito agitada. O mais bacana de fazer ao vivo é a descarga de adrenalina que rola. Sempre saio elétrica do programa. Até eu conseguir desligar, relaxar, leva um tempo. Durmo tarde e, naturalmente, acordo tarde.
Como dá para acompanhar os eventos culturais com esse horário de trabalho e com o programa de cinema da USA?
Isso é complicadíssimo. Tento me informar de todas as maneiras, leio muito, pesquiso, vejo TV. Tento me informar mais nos fins-de-semana, quando não há gravações de programa.
Você sente vontade de fazer um curta?
Não. Eu adoro cinema, mas isso não me interessa muito. Tenho vontade de fazer documentários sobre outros assuntos. Documentário dá liberdade para você aprofundar bem um material, pesquisar e levantar dados legais.
Como carioca, o que você acha de morar em São Paulo?
Eu adoro São Paulo. Acho que a velocidade dessa cidade tem mais a ver comigo. Se tivesse que escolher, ficaria aqui. O melhor é que, quando vou ao Rio, pareço turista, começo a achar a cidade muito mais linda do que achava quando morava lá.
Qual será o próximo passo de sua carreira?
Sei lá. Não fico planejando. Na minha carreira, as coisas foram acontecendo, se encaixando. Não fico neurótica. Apesar de ser agitada, vejo as coisas com calma, tranquilidade. Esse ano tem acontecido muitas coisas boas. Estou muito feliz. E é isso o que importa. Amanhã a gente vê o que vai ser.



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