São Paulo, sábado, 13 de outubro de 2007

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Serra proíbe aluno de utilizar telefone celular em escola

Lei vale inicialmente para rede pública, mas, como o texto é vago, governo de SP pode estender medida para escolas particulares

Lei não estabelece como será a fiscalização da medida nem a que tipo de punição o estudante está sujeito caso não a respeite

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), sancionou projeto de lei que proíbe os estudantes de usar telefone celular nas escolas nos horários de aula. A medida foi publicada ontem no "Diário Oficial".
A princípio, vale apenas para a rede estadual do ensino básico (fundamental e médio), mas, como a redação do texto é vaga ("estabelecimentos de ensino do Estado"), a Secretaria da Educação diz que é possível considerar que abrange também a particular. A dúvida será esclarecida apenas com a regulamentação da lei, prevista para ser publicada pelo governo em até 90 dias. A lei não estabelece também como será a fiscalização da medida nem a que tipo de punição o estudante está sujeito.
De acordo com a Secretaria da Educação, a tendência é que o decreto regulamentador deixe para que cada escola defina como implementar a lei, estipulando, por exemplo, a sanção a ser aplicada.
O deputado estadual Orlando Morando (PSDB), autor da proposta, afirmou que os aparelhos podem ser retidos pelos professores e devolvidos apenas ao final das aulas. A punição, no entanto, não está prevista no texto da lei sancionada.
"Na regulamentação, pode-se também incluir um artigo permitindo que os aparelhos retidos sejam devolvidos apenas para os pais dos alunos", disse o deputado.
Morando afirma na justificativa do projeto que a proposta visa "assegurar a essência do ambiente escolar, onde a atenção do aluno deve estar 100% direcionada aos estudos".
Segundo o deputado, ele se baseou em relatos de professores, que afirmam que os alunos atendem ao telefone durante as aulas e trocam "torpedos" com colegas de outras salas, além de brincarem com os jogos presentes nos aparelhos. "Há relato de estudante que usa o celular para colar nas provas, através de mensagens de texto e também armazenando a matéria no próprio aparelho", afirma o texto disponível para consulta no site da Assembléia.
Morando diz também que há alunos que utilizam o celular como forma de exibicionismo, mudando sempre de modelo.
"Claro que o celular atrapalha, mas será difícil a escola conseguir controlar todos os alunos", afirmou a professora Silvia de Mattos Gasparian Colello, coordenadora da área de psicologia da educação da Faculdade de Educação da USP. Para o presidente do sindicato das escolas particulares, José Augusto de Mattos Lourenço, mesmo que a lei se aplique à rede privada, haverá poucas mudanças na rotina escolar.
"Os regimentos das escolas já proíbem materiais não condizentes com a prática pedagógica. Isso vale não só para celulares mas também para aparelhos como iPod", disse Lourenço. Segundo ele, os regimentos dos colégios seguem diretrizes das diretorias de ensino.


Colaborou ARTUR RODRIGUES , do "Agora"


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