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Prisões de São Paulo têm 50% mais detentos do que vagas
Censo revela que, no Estado, há 145 mil pessoas presas, mas apenas 96 mil vagas
Comparação com os dados de 2006 mostra que há um distanciamento cada vez maior entre a oferta e a demanda por mais espaço
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O sistema prisional do Estado de São Paulo opera hoje com
uma população 50% acima de
sua capacidade. São 96.540 vagas para um total de 145.096
presos. Isso significa que, para
cada dois detentos com vaga, há
um que está acomodado de forma improvisada, segundo dados do último censo penitenciário realizado em junho pelo
Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão do
Ministério da Justiça.
O levantamento do Depen é
feito com base nos presos em
unidades administradas pela
SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), órgão do governo de José Serra (PSDB)
responsável pelas penitenciárias, prisões de segurança máxima, CDPs (Centros de Detenção Provisória), CRs (Centros
de Ressocialização), manicômios judiciários, hospitais penitenciários, institutos penais
agrícolas e CPPs (Centros de
Progressão Penitenciária).
Com o acréscimo dos 13.351
presos que, em junho deste
ano, eram custodiados pelo governo paulista em celas de delegacias e de cadeias públicas da
região metropolitana e também do interior -unidades prisionais vinculadas à Secretaria
da Segurança Pública-, a população prisional chegou a
158.447 pessoas.
O déficit de vagas, somados o
sistema da Administração e o
da Segurança Pública, era de
62.107 vagas em junho, uma
vez que quem está nas delegacias e cadeias públicas quase
sempre está à espera de julgamento e, de acordo com a política prisional do próprio governo, deveria estar em uma unidade como o CDP.
Caso esses presos já estivessem sob a custódia da Secretaria da Administração Penitenciária, o órgão operaria com
uma população prisional 64%
maior do que o número de vagas oferecidas, ainda segundo o
último censo do Depen.
Desde 31 de maio de 2006,
quando o ex-policial militar
Antonio Ferreira Pinto assumiu a Administração Penitenciária, o governo não revela a
população carcerária. Para isso,
é preciso recorrer ao Depen.
Todas as informações sobre
as unidades prisionais, como o
número de vagas e a população
de cada prisão, saíram do site
da Administração Penitenciária por ordem de Ferreira Pinto. Por meio de sua assessoria,
ele informa que a divulgação
dos dados públicos é uma
"questão de segurança"; por isso, se recusa a apresentá-los
(leia texto na página C3).
21% a mais em 18 meses
A comparação dos dados de
2006 com os de junho deste
ano revela um distanciamento
crescente entre a oferta e a demanda de vagas nas prisões do
Estado de São Paulo.
Segundo os dados do censo
do Depen, em dezembro de
2006 o sistema prisional da Administração Penitenciária de
São Paulo operava com uma
população 44% maior do que o
número de vagas disponibilizadas. Naquele período, havia
90.696 vagas e 40.118 presos
além da capacidade. De lá para
cá, o número de vagas aumentou 6,4% (para 96.540), enquanto o de detentos sem vaga
oficial subiu 21% (para 48.556).
O aumento no déficit de vagas no sistema prisional paulista é registrado e analisado
constantemente pela SAP. No
censo do Depen finalizado em
dezembro de 2007, faltavam
46.204 vagas no sistema prisional. Eram 141.609 detentos em
95.585 vagas. À época, o sistema operava com 48% de detentos a mais do que a capacidade.
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