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Ônibus sobe mais que inflação em 77% das grandes cidades
Levantamento foi feito em capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes
Câmara dos Deputados
aprovou, na semana passada,
um projeto para baixar tarifas
em 20% -com isenção de
tributos, como PIS e Cofins
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A tarifa de ônibus sofreu reajuste acima da inflação nos últimos quatro anos em 77% das
capitais ou cidades do país com
mais de 500 mil habitantes.
O quadro afeta tanto a mobilidade de pobres como de ricos
-já que a tarifa cara estimula a
opção por carros e motos e
agrava os congestionamentos.
O levantamento sobre a elevação da passagem é baseado
em dados colhidos pela ANTP
(Associação Nacional de Transportes Públicos) em 43 grandes
municípios brasileiros de junho de 2005 a julho de 2009.
Em 33 deles, a alta da tarifa
nesse intervalo superou os
20,16% do IPCA -índice oficial
de inflação aferido pelo IBGE.
Na semana passada, a Câmara aprovou um projeto que visa
reduzir as tarifas em 20% -por
conceder isenção de tributos
federais (como PIS e Cofins)
sobre a receita de serviços de
transporte coletivo e sobre a
aquisição de insumos (óleo diesel, carrocerias e pneus, por
exemplo). A proposta seguirá
para votação do Senado.
O relator, deputado Carlos
Zarattini (PT-SP), diz que, para
ter direito ao regime especial
de tributação, Estados e municípios precisarão eliminar ou
pelo menos reduzir impostos
(como ISS e ICMS) e implantar
um sistema de bilhete único ou
de transporte integrado.
Técnicos citam a elevação
dos insumos dos ônibus nos últimos anos como um dos fatores de impacto na tarifa.
Carlos Henrique Ribeiro de
Carvalho, do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
verificou aumento real de 72%
do diesel de dez anos para cá.
Diante da recuperação econômica dos mais pobres, houve
também prefeituras que reajustaram a tarifa básica, mas
expandiram alguns benefícios.
Campinas, por exemplo, copiou a capital paulista e implantou um bilhete único integrado, com baldeações gratuitas no intervalo de uma hora.
Goiânia, que teve a elevação
recorde de 50% entre as capitais, afirma ter optado por uma
renovação drástica da frota.
Especialistas estimam que
mais de 20% do custo da passagem nos centros urbanos já esteja ligado aos ônibus que ficam
engarrafados no trânsito.
O resultado é que os congestionamentos aumentam, os
custos sobem, a tarifa alta estimula a fuga dos passageiros,
que migram para os carros e
agravam a lentidão nas vias.
Situação semelhante ocorre
com a demanda do transporte:
os ônibus ficam mais caros, levando à perda de usuários e, assim, novo aumento dos custos.
O engenheiro e sociólogo
Eduardo Alcântara Vasconcellos avalia que os reajustes da
passagem já deixaram de ter
forte repercussão eleitoral.
Cita que, como 40% das viagens hoje são com vale-transporte (ou seja, quem banca são
os empregadores), as principais
vítimas do aumento da tarifa
são os trabalhadores do setor
informal -que não têm poder
de mobilização por sindicatos.
"O vale-transporte esvazia a
tensão política, retira os impactos explosivos do reajuste. O
prefeito fica menos preocupado ao dar um aumento", diz.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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