São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2010

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Shopping adota equipamento antiterror

Trinta centros comerciais negociam compra de aparelho de reconhecimento facial para conter onda de assaltos

Dois shoppings nobres de SP têm interesse na tecnologia; dirigente de associação sugere cautela na aquisição

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Equipamentos de reconhecimento facial usados em Israel contra terroristas estão sendo adquiridos e adaptados no Brasil para conter uma onda de assaltos a shopping centers. Ao menos 30 centros comerciais iniciaram negociações com empresas de tecnologia e de capacitação israelenses para aprimorar seus sistemas de segurança.
Os valores desses projetos e os nomes dos clientes são mantidos em sigilo. A Folha apurou que dois shoppings localizados em regiões nobres da capital paulista já negociam o equipamento.
O reconhecimento facial que Israel utiliza em suas fronteiras para identificar possíveis homens-bomba foi alterado para que shoppings montem bancos de dados de possíveis suspeitos.
Um dos programas à venda usa câmeras de alta resolução para fazer reconhecimento biométrico dos frequentadores dos shoppings. Esse software capta a imagem da pessoa e, baseado na massa craniana dela, cria um número. Se, dias depois, a mesma pessoa aparecer no shopping com barba e o cabelo pintado de outra cor, o sistema o reconhecerá imediatamente. Assim, atitudes suspeitas poderão ser identificadas com maior facilidade.
"Nossos seguranças não querem, não podem e não vão prender ninguém. Mas, constatado um crime, a polícia terá os dados necessários para pegar os bandidos", diz o executivo de um shopping.
Só na Grande São Paulo, 12 joalherias localizadas em shoppings foram assaltadas neste ano. Desde então, administradores decidiram dividir os investimentos em segurança em duas áreas: a de vigilância ostensiva -com a presença de seguranças armados- e a de inteligência.
Um dos equipamentos que está sendo adquirido pelos shoppings é similar ao usados por pilotos de helicóptero para identificar suspeitos em ações de combate ao terrorismo. A câmera tem uma resolução inferior, mas o princípio é o mesmo: identificar um possível infrator.
"O que Israel usa na área de defesa de seu território, nós usamos no setor de segurança privada", diz o empresário Arnaldo Maciel Jr., diretor da Ex-Sight, empresa que cria softwares de segurança.

TREINAMENTO
Além dos novos equipamentos, os executivos dos shoppings também pretendem treinar seus profissionais da área de segurança. Um dos treinamentos será oferecido aos gestores de segurança e ministrado em Israel, onde alguns shoppings chegam a fiscalizar o porta-malas dos veículos de clientes em busca de bombas.
"O treinamento não visa uma questão tática, de como agir, mas a forma de planejar ações de segurança" , afirma Maurício Reggio, sócio da consultoria ICTS Global.
Para o diretor da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), Luís Augusto Ildefonso da Silva, a compra de novas tecnologias é importante, desde que a execução dos projetos seja feita com cautela. "Cada país tem uma cultura diferente no combate aos crimes."


Colaborou VINICIUS QUEIROZ GALVÃO


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