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Sistema brasileiro de detecção de raios é o terceiro do mundo
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema nacional de detecção de raios é o terceiro maior
do mundo, depois dos Estados
Unidos e do Canadá. Os dados
colhidos em campo por essa rede, que tem 53 sensores, é que
derrubaram a tese do governo
de que foi uma descarga elétrica, ou três, que causou o apagão
na noite da terça-feira.
A rede foi construída após o
apagão de 1999, a pedido do Ministério de Ciência e Tecnologia. Na ocasião, o evento foi
atribuído primeiramente a um
raio. Depois é que surgiu a informação de que o blecaute foi
causado por uma sobrecarga.
Das cincos regiões do Brasil,
apenas o Norte e o Nordeste
não são cobertos pelo sistema.
Ao todo, 12 Estados são totalmente monitorados 24 horas
por dia. Toda a região Sul e Sudeste é controlada. Na última
semana, em média, 21.966 raios
caíram por dia nas áreas investigadas, dizem as estatísticas.
Para cobrir toda a Amazônia
e o Nordeste, vai ser necessária
a instalação de mais 40 medidores, dizem os técnicos.
Os sensores têm 1,5 metro de
altura. Após captada, a radiação
emitida por um raio é transmitida por vários sistemas de comunicação -via satélite, por
exemplo- para uma central
em São José dos Campos (SP),
localizada na sede do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais).
É o órgão público controla a
rede. "O sistema processa as informações e gera um relatório,
que passa por uma avaliação.
Todas as incertezas do sistema
de medição são consideradas
pelo programa", diz Osmar Pinto Jr., coordenador do Elat,
grupo de estudos de eletricidade atmosférica do Inpe.
O pesquisador reafirmou ontem à Folha que, das quatro linhas que trazem energia de
Itaipu para São Paulo, três,
com certeza, não foram atingidas por descargas elétricas no
momento do apagão.
A discussão, segundo o cientista do Inpe, saiu da esfera técnica e passou para a área política. Do ponto de vista estritamente técnico, diz Pinto Jr.,
houve precipitação do governo
em atribuir aos raios o apagão
da noite de terça-feira.
Só as chuvas na região, segundo especialistas ouvidos
pela Folha, também eram incapazes de interromper a
transmissão de energia.
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