São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Sistema brasileiro de detecção de raios é o terceiro do mundo

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O sistema nacional de detecção de raios é o terceiro maior do mundo, depois dos Estados Unidos e do Canadá. Os dados colhidos em campo por essa rede, que tem 53 sensores, é que derrubaram a tese do governo de que foi uma descarga elétrica, ou três, que causou o apagão na noite da terça-feira.
A rede foi construída após o apagão de 1999, a pedido do Ministério de Ciência e Tecnologia. Na ocasião, o evento foi atribuído primeiramente a um raio. Depois é que surgiu a informação de que o blecaute foi causado por uma sobrecarga.
Das cincos regiões do Brasil, apenas o Norte e o Nordeste não são cobertos pelo sistema. Ao todo, 12 Estados são totalmente monitorados 24 horas por dia. Toda a região Sul e Sudeste é controlada. Na última semana, em média, 21.966 raios caíram por dia nas áreas investigadas, dizem as estatísticas.
Para cobrir toda a Amazônia e o Nordeste, vai ser necessária a instalação de mais 40 medidores, dizem os técnicos.
Os sensores têm 1,5 metro de altura. Após captada, a radiação emitida por um raio é transmitida por vários sistemas de comunicação -via satélite, por exemplo- para uma central em São José dos Campos (SP), localizada na sede do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
É o órgão público controla a rede. "O sistema processa as informações e gera um relatório, que passa por uma avaliação. Todas as incertezas do sistema de medição são consideradas pelo programa", diz Osmar Pinto Jr., coordenador do Elat, grupo de estudos de eletricidade atmosférica do Inpe.
O pesquisador reafirmou ontem à Folha que, das quatro linhas que trazem energia de Itaipu para São Paulo, três, com certeza, não foram atingidas por descargas elétricas no momento do apagão.
A discussão, segundo o cientista do Inpe, saiu da esfera técnica e passou para a área política. Do ponto de vista estritamente técnico, diz Pinto Jr., houve precipitação do governo em atribuir aos raios o apagão da noite de terça-feira.
Só as chuvas na região, segundo especialistas ouvidos pela Folha, também eram incapazes de interromper a transmissão de energia.


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