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Nos EUA, blecaute em 2003 durou mais de 90 horas
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Há pouco mais de seis anos,
no dia 14 de agosto de 2003, os
Estados Unidos sofreram o
maior blecaute de sua história.
Cerca de 45 milhões de pessoas no país e outras 10 milhões
no Canadá ficaram durante várias horas sem luz, muitas delas
por até mais de 90 horas após o
incidente. A cidade de Nova
York ficou completamente
apagada, com mais de 14,3 milhões de pessoas sem energia.
No princípio, autoridades
norte-americanas e canadenses trocaram acusações sem saber exatamente o que havia
ocorrido no intrincado sistema
que envolve os dois países, onde opera um misto de empresas
públicas, semipúblicas e também privadas.
No elenco de suposições, especulou-se que um raio havia
atingido uma usina geradora no
norte do Estado de Nova York e
que uma usina nuclear antiga
na Pensilvânia teve problemas
de manutenção.
A causa, no entanto, revelou-se bem mais prosaica na investigação conduzida nos seis meses que se seguiram.
Árvores não podadas pela
FirstEnergy Corporation
-empresa que cobre parte do
Estado de Ohio- simplesmente cresceram demais e arrebentaram alguns dos fios de transmissão.
O relatório da força-tarefa
montada pelos governos dos
EUA e do Canadá constatou
que uma planta geradora de
energia em Eastlake, um subúrbio de Cleveland, entrou em
colapso em meio a um período
de forte demanda.
O fato teria afetado o uso de
algumas linhas de transmissão
de energia em alta tensão da
FirstEnergy que estavam encostadas em galhos de árvores e
que acabaram se rompendo.
Em efeito cascata, o problema
acabou levando à interrupção
das operações de uma centena
de plantas geradoras.
Um problema adicional nos
computadores da FirstEnergy
fez com que os funcionários de
seus sistemas de controle ficassem mais de uma hora sem serem avisados do problema inicial, que poderia ter sido solucionado a tempo com medidas
de emergência.
Embora o sistema de telefonia fixa tenha continuado em
operação, com algumas falhas,
na maior parte das áreas afetadas, os telefones celulares experimentaram uma série de problemas.
Em Nova York, altamente
dependente de metrô e trens
(movidos a eletricidade), além
de servida por milhões de elevadores, a população ficou sem
energia por cerca de 24 horas.
No dia seguinte ao blecaute, as
autoridades pediram que as
pessoas não saíssem de casa. A
energia só voltou a se normalizar perto das 21h.
No período de apagão, a cidade registrou algumas ações de
vandalismo e saques a lojas, o
que também ocorreu no Canadá. Mas a onda foi incomparavelmente menor à do maior
blecaute em Nova York registrado até então, em 1977.
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