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São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2003

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INSEGURANÇA

Funcionários municipais, que começam a migrar para a região, recebem dicas de segurança até sobre arrastão

Servidor tem "manual" de riscos do centro

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de escurecer, não vá sozinho aos pontos de ônibus e estações do metrô -aguarde outros colegas de trabalho para sair em grupo. Em situações de arrastão ou briga, abrigue-se em algum estabelecimento comercial. Não se aproxime dos mágicos, músicos e malabaristas que fazem apresentações nas ruas e nos calçadões -no meio dessas aglomerações sempre há batedores de carteira.
Essas recomendações integram os preparativos de servidores municipais ligados à Secretaria dos Transportes que começaram a sair de prédios localizados em diversos bairros para se instalar em dois edifícios do centro -um deles, ao lado da praça Ramos de Azevedo, perto do Banespinha, onde a prefeita Marta Suplicy deve montar a sede da prefeitura.
Elas fazem parte de uma espécie de "manual de sobrevivência", com 550 exemplares, que foi preparado por funcionários do setor de segurança institucional da SPTrans (órgão municipal que cuida do transporte coletivo) e que foi distribuído aos empregados vinculados à pasta.
Além dos "arrastões" e dos "artistas de rua", a "cartilha" também alerta para os riscos de utilização do celular em público e de usar bolsas e sacolas nas costas.
Os termos utilizados revelam uma imagem negativa que tem destoado do ambiente comemorativo dos 450 anos de São Paulo e da revitalização do centro -fatores que têm impulsionado a migração de órgãos estaduais e municipais a prédios da região.
A preocupação com a segurança ganhou força logo nos primeiros dias de mudança de alguns servidores ao edifício Alfredo Egydio, de 16 andares, localizado na rua Barão de Itapetininga, 18, praticamente ao lado do Teatro Municipal -quando uma funcionária ligada à presidência da SPTrans foi assaltada depois de sair do expediente de trabalho.
A mudança de setores da Secretaria dos Transportes, da SPTrans e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ainda prossegue e deverá ser concluída nas próximas semanas. Os funcionários estão saindo principalmente de prédios da rua 13 de Maio (Bela Vista), da rua Ermano Marchetti (Lapa) e da avenida das Nações Unidas (Pinheiros).
Segundo a assessoria da pasta, a mudança resultará em uma economia de mais de R$ 1 milhão por ano de aluguel. A secretaria não se manifesta, porém, sobre a preocupação demonstrada por servidores em relação à segurança.
O presidente da diretoria executiva da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, diz não recriminar que sejam dadas dicas de segurança, mas alerta que "essa imagem é mais negativa que a realidade". "Não se pode alucinar. Eu nunca ouvi falar em arrastão nessa área, por exemplo. É tudo folclore."
Almeida afirma que na região há uma concentração dos chamados "delitos de multidão". "Não é uma violência intensa, você não vê assaltos com armas. Tomar cuidado é válido em qualquer lugar do mundo. Mas esses funcionários estarão mais seguros no centro", diz. (ALENCAR IZIDORO)


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