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INSEGURANÇA
Funcionários municipais, que começam a migrar para a região, recebem dicas de segurança até sobre arrastão
Servidor tem "manual" de riscos do centro
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de escurecer, não vá sozinho aos pontos de ônibus e estações do metrô -aguarde outros
colegas de trabalho para sair em
grupo. Em situações de arrastão
ou briga, abrigue-se em algum estabelecimento comercial. Não se
aproxime dos mágicos, músicos e
malabaristas que fazem apresentações nas ruas e nos calçadões
-no meio dessas aglomerações
sempre há batedores de carteira.
Essas recomendações integram
os preparativos de servidores municipais ligados à Secretaria dos
Transportes que começaram a
sair de prédios localizados em diversos bairros para se instalar em
dois edifícios do centro -um deles, ao lado da praça Ramos de
Azevedo, perto do Banespinha,
onde a prefeita Marta Suplicy deve montar a sede da prefeitura.
Elas fazem parte de uma espécie
de "manual de sobrevivência",
com 550 exemplares, que foi preparado por funcionários do setor
de segurança institucional da
SPTrans (órgão municipal que
cuida do transporte coletivo) e
que foi distribuído aos empregados vinculados à pasta.
Além dos "arrastões" e dos "artistas de rua", a "cartilha" também alerta para os riscos de utilização do celular em público e de
usar bolsas e sacolas nas costas.
Os termos utilizados revelam
uma imagem negativa que tem
destoado do ambiente comemorativo dos 450 anos de São Paulo e
da revitalização do centro -fatores que têm impulsionado a migração de órgãos estaduais e municipais a prédios da região.
A preocupação com a segurança ganhou força logo nos primeiros dias de mudança de alguns
servidores ao edifício Alfredo
Egydio, de 16 andares, localizado
na rua Barão de Itapetininga, 18,
praticamente ao lado do Teatro
Municipal -quando uma funcionária ligada à presidência da
SPTrans foi assaltada depois de
sair do expediente de trabalho.
A mudança de setores da Secretaria dos Transportes, da SPTrans
e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ainda prossegue e deverá ser concluída nas
próximas semanas. Os funcionários estão saindo principalmente
de prédios da rua 13 de Maio (Bela
Vista), da rua Ermano Marchetti
(Lapa) e da avenida das Nações
Unidas (Pinheiros).
Segundo a assessoria da pasta, a
mudança resultará em uma economia de mais de R$ 1 milhão por
ano de aluguel. A secretaria não se
manifesta, porém, sobre a preocupação demonstrada por servidores em relação à segurança.
O presidente da diretoria executiva da Associação Viva o Centro,
Marco Antonio Ramos de Almeida, diz não recriminar que sejam
dadas dicas de segurança, mas
alerta que "essa imagem é mais
negativa que a realidade". "Não se
pode alucinar. Eu nunca ouvi falar em arrastão nessa área, por
exemplo. É tudo folclore."
Almeida afirma que na região
há uma concentração dos chamados "delitos de multidão". "Não é
uma violência intensa, você não
vê assaltos com armas. Tomar
cuidado é válido em qualquer lugar do mundo. Mas esses funcionários estarão mais seguros no
centro", diz.
(ALENCAR IZIDORO)
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