FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de Sergipe é vanguarda no país desde sexta-feira, quando autorizou a visita íntima do ex-detento Jeferson Vieira dos Santos, 23, ao presidiário Roberto Silva Santos, 28, conhecido por Roberta Shirley Chayenne -um travesti com quem viveu um ano e meio atrás das grades.
O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária reconhece a visita íntima como direito constitucionalmente assegurado aos presos. A autorização de visita íntima entre homossexuais, no entanto, era inédita no Brasil. E, no último sábado, depois de muito trâmite jurídico e discussões polêmica entre juristas, diretores de presídio e militantes pró-direitos humanos, Jeferson e Shirley puderam se reencontrar numa sala especialmente reservada na enfermaria do complexo penitenciário Carvalho Neto, em São Cristóvão, a 25 km de Aracaju (SE). "Choramos muito. Foi emocionante", afirma Jeferson. "E me trataram muito bem, como se eu fosse filho do governador. É como eu sempre digo, com amor, podemos superar tudo."
"Estava uma pressão danada aqui depois que a Folha publicou matéria sobre o caso [na última segunda-feira]. Os movimentos sociais e gays se articularam e resolvemos antecipar a autorização da visita", admite o secretário da Justiça do Estado, Emanuel Cacho. "Foi estranho ver um camarada no meio daquelas mulheres que entram no presídio para ter relação com seus parceiros. Mas não houve tumulto", diz Cacho.


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