São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 2008

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entrevista

Ciência não usa crença como base, diz bióloga

DA REPORTAGEM LOCAL

A bióloga Rute Maria Gonçalves de Andrade, diretora da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), diz que "de forma nenhuma" o criacionismo pode ser ensinado em aulas de ciências. Isso porque, afirma, "falta tudo" para que essa linha seja considerada ciência.

 

FOLHA - O criacionismo deve ser ensinado nas aulas de ciências nas escolas?
RUTE MARIA GONÇALVES DE ANDRADE
- De forma nenhuma, pois não é conhecimento científico.
Ninguém pode fazer, por exemplo, um experimento para provar a existência de Deus. E fazer experimentos é uma das bases da ciência.
Na ciência, não se pode usar como base a crença. Não posso dizer que um animal está em extinção porque eu simplesmente creio nisso. Na ciência, tem de haver método, o que os criacionistas não conseguem fazer.

FOLHA - O que a sra. acha de escolas que ensinam, juntos, evolucionismo e criacionismo?
ANDRADE
- Também acho errado. Claro que um aluno pode questionar sobre o criacionismo, mas o professor deve estar preparado para dizer que isso não é conhecimento científico.

FOLHA - Mas os criacionistas vêem falhas e criticam a teoria evolucionista.
ANDRADE
- É um absurdo.
Obviamente a teoria da evolução ainda não se esgotou, mas o que foi descoberto até agora foi pautado por métodos científicos. Quando se publica em revista científica, a metodologia é rigorosa e os procedimentos devem ser passíveis de reprodução.
Para o criacionismo, falta tudo isso. Apresentar esse modelo aos alunos é um prejuízo, pois ele ficam impedidos de ver o que é o conhecimento científico.


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