São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Justiça solta suspeito de crimes em série

Ex-PM estava preso desde dezembro do ano passado sob a suspeita de ter matado 13 homens em parque de Carapicuíba

Polícia diz que telefonema mostra que ele esteve no local pouco após uma das mortes; juíza não vê prova de ligação entre os crimes

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo negou o pedido da Polícia Civil para manter preso o sargento reformado da Polícia Militar Jairo Francisco Franco, suspeito de uma série de assassinatos ocorridos no parque dos Paturis, em Carapicuíba (Grande SP).
Franco estava preso desde o dia 10 dezembro no presídio militar Romão Gomes, em São Paulo, dois dias depois de a Folha revelar a série de 13 assassinatos ocorrida num pequeno bosque dentro do parque - entre julho de 2007 e agosto de 2008. Franco foi liberado na última quinta-feira após o término do prazo dos 30 dias da prisão temporária.
De acordo com a polícia, a juíza Roberta Poppi Neri negou o pedido de prisão preventiva (que não tem, em regra, um prazo definido) por considerar que Franco não representa risco à sociedade. Ela também diz que não há indícios concretos da ligação do policial aposentado com todos os assassinatos.
A mesma juíza havia determinado, em dezembro do ano passado, a prisão temporária de Franco sob a suspeita de ter assassinado um homem negro, ainda não identificado, em 19 de agosto também no parque dos Paturis. A prisão foi feita com base no depoimento de um frequentador do parque, que disse ter visto o crime. Esse assassinato foi o último registrado no local.
Apesar de negado o pedido de prisão preventiva por conta dos outros 12 assassinatos, a juíza aceitou a denúncia por homicídio doloso (com intenção) feita pela Promotoria contra Franco pela morte do dia 19. Agora, ele é réu.

Nova prova
Para pedir a manutenção da prisão de Franco, a polícia de Carapicuíba afirma ter apresentado novas provas contra o suspeito. Segundo os policiais, informações repassadas pela operadora TIM apontam que o sargento estava no parque dos Paturis poucos minutos após o homicídio do dia 19 de agosto.
Pelos registros telefônicos, Franco recebeu uma ligação de sua noiva em seu telefone celular às 20h daquele dia. O assassinato do homem não identificado ocorreu entre as 19h50 e 19h55. Essa informação, para a polícia, reforça os indícios de que Franco cometeu o crime.
No dia de sua prisão, em depoimento, o sargento reformado informou aos policiais que nunca esteve no parque dos Paturis e só passou em frente ao local algumas vezes quando era policial da ativa. O suspeito negou ainda ter mantido relações homossexuais com frequentadores do parque.
O Ministério Público Estadual recorreu da decisão da juíza para tentar prender novamente o suspeito. A Promotoria começou a acompanhar as investigações dos assassinatos após a publicação da reportagem pela Folha.
Procurada ontem por meio da assessoria de imprensa do TJ (Tribunal de Justiça), a magistrada não quis se manifestar sobre o assunto. Ela também negou à reportagem cópia do despacho em que nega a prisão preventiva de Franco.


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