São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Indo ao Rio, Dilma fez o que governantes devem fazer

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Ao ir pessoalmente à região serrana do Rio de Janeiro ontem, a presidente Dilma Rousseff fez o que governantes têm de fazer.
Dilma não titubeou e mostrou que não vai ser igual nem fazer tudo igual ao antecessor e mentor Luiz Inácio Lula da Silva, que, numa situação assim, ouvia, fazia cálculo político, avaliava perdas e ganhos. Às vezes ia logo; às vezes, não.
A decisão foi tomada na quarta, no início da tragédia no Estado. O número de mortos ainda estava longe dos mais de 400 registrados até agora e não fazia prenunciar o crescimento frenético, minuto a minuto, registrado ao longo de todo o dia de ontem.
Dilma sobrevoou de helicóptero a área mais atingida, desceu num ponto central e andou de galocha e colete pelas ruas, ouvindo as pessoas, demonstrando solidariedade, sobretudo encarnando a presença do Estado.
Foi um desafio, um verdadeiro teste de fogo antes de completar 15 dias no cargo, e Dilma mostrou que pretende imprimir o próprio ritmo e estilo a seu governo.
Numa simbologia importante, levou sete ministros, viajou com o governador Sérgio Cabral (PMDB), sentou-se ao lado dos prefeitos das cidades mais castigadas e deu entrevista coletiva -a primeira depois da posse.
Mostrou que governo federal, Estados e municípios têm de trabalhar juntos e que, em vez de ficar falando "abobrinha" e criando metáforas todo dia, vai se expor e assumir responsabilidades quando de fato necessário.
Na entrevista, Dilma surgiu composta, bem penteada e vestida discretamente, fugindo de modelitos populistas e gestos teatrais.
Dilma passou bem no teste das palavras e gestos. Precisa agora enfrentar duas provas práticas: a eficácia da ação imediata e o planejamento da prevenção de novas tragédias. Senão, nos próximos anos serão mais enxurradas, desabamentos e mortes.


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