São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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LUIZ DOS SANTOS (1929-2011)

Biólogo que atuou pelos deficientes

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Na década de 50, algumas das aulas que Luiz dos Santos assistia foram dadas na Cidade Universitária, ainda não inaugurada na zona oeste da capital. Ele era estudante de história natural da USP.
O campus, na época, era um barro só, conta a professora e colega de turma Mathilde Ranieri. Para Luiz, que usava muletas, a situação era ainda mais complicada. Para atravessar alguns trechos, ele tinha de subir nas costas de colegas e ser carregado.
Aos 11 anos, o rapaz de Taubaté (SP) perdeu os movimentos das pernas devido a um tumor na coluna. Segundo familiares e amigos, ele nunca se queixou do fato.
De algo, porém, sempre reclamou: da falta de acessibilidade. Jantar fora com a família, por exemplo, era uma epopeia. Se tinha dificuldades, chamava o dono do restaurante e dizia: "Sou deficiente, mas também como".
Após se formar biólogo em 1957, Luiz foi trabalhar no Instituto Adolfo Lutz, em SP. Depois, transferiu-se para Taubaté. Nos anos 80, deu aulas de patologia na faculdade de medicina da cidade.
Lá, também brigou para que as calçadas ganhassem rampas. E criou a Aparte (Associação dos Paraplégicos de Taubaté), que hoje dá assistência a mais de 300 pessoas.
Há cerca de 25 anos, Luiz adotou de vez a cadeira de rodas. Tinha carro adaptado e continuou ativo. Ia a todos os encontros da turma da USP.
Nos últimos anos, estava vivendo em Tremembé (SP). Teve uma escara (problema na pele) e morreu na quarta-feira (5), aos 81, de infecção pulmonar e septicemia. Deixa viúva, duas filhas, sete netos e três bisnetos.

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