São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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SAÚDE

Cerca de 200 pessoas tiveram dificuldade para respirar, reações cutâneas, ardor nos olhos e vômito em apenas dois dias

Porto Seguro tem suspeita de contaminação

MANUELA MARTINEZ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Cerca de 200 pessoas foram atendidas em hospitais e clínicas de terça-feira até a madrugada de anteontem em Porto Seguro, cidade turística localizada a 907 km de Salvador, com sinais de contaminação que pôs em suspeita a água nas praias de Pitinga, em Arraial d'Ajuda, e Trancoso.
Os pacientes tiveram dificuldade para respirar, sofreram reações cutâneas, ardor nos olhos e foram acometidos por vômito. Alguns também apresentaram febre, dores de cabeça e até mesmo crises de asma.
Em nota oficial à imprensa, a Prefeitura de Porto Seguro afirma que a situação se encontra normalizada desde anteontem, último dia da estatística de casos.

Causas
A Secretaria da Saúde do município ainda não sabia determinar as causas para o mal-estar da população. "Estamos trabalhando com algumas hipóteses de contaminação, como por substância química ou por alguma alga, mas, até agora, não há nada esclarecido", disse o assessor especial da Secretaria da Saúde, Joaquim Gomes, 57.
Uma das suspeitas levantadas era a da formação de uma maré vermelha (proliferação de algas tóxicas que dá coloração avermelhada), já que os sintomas nos pacientes eram parecidos. Essa hipótese foi descartada pelos técnicos, uma vez que não foi observada uma grande mortandade de peixes no local, característico do fenômeno.
Segundo o comunicado oficial da prefeitura, há ainda a possibilidade de que as intoxicações tenham sido provocadas pela inalação de alguma substância nociva, provavelmente resultante da combustão de lixo ou de outro tipo de material tóxico, que pode ter ocorrido em uma determinada região do litoral.
"Como não se teve notícia de nenhum caso similar em outras praias, essa hipótese não pode ser descartada", disse Gomes.
Equipes da Vigilância Sanitária recolheram amostras de água das praias suspeitas e de sangue dos pacientes sintomáticos e encaminharam para exames laboratoriais. Não se sabe quando o resultado será divulgado.
Apesar da grande quantidade de casos relatados, não houve interdição das praias. "O que aconteceu foi algo muito isolado e que já terminou. Não há necessidade de causar pânico na cidade com a interdição de praias", disse a secretária da Saúde, Silvia Pimentel Santos.

Turistas
A divulgação da notícia assustou os turistas e os moradores da cidade e provocou o cancelamento de muitas reservas para o Carnaval, principal fonte de renda do município. Neste ano são esperadas mais de 300 mil pessoas em Porto Seguro durante o período de festividades.
"Desde ontem [anteontem, quinta-feira] não se tem notícia de nenhuma anomalia em banhistas ou freqüentadores das praias de Porto Seguro, o que indica a total inexistência de qualquer problema", esclarece a nota oficial sobre o caso divulgada pela prefeitura da cidade.
A maioria dos hotéis, no entanto, continuava aconselhando seus hóspedes a evitarem o banho de mar enquanto a situação não fosse esclarecida.


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