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Laudo vê riscos na estação Fradique Coutinho do metrô
Problema na solda poderia "ocasionar acidentes de proporções imprevisíveis"
Relatório anterior já apontava 46 irregularidades
na linha 4, incluindo "gambiarra" e material de qualidade questionável
DA REPORTAGEM LOCAL
Laudo técnico encomendado
pelo Consórcio Via Amarela
apontou problemas no canteiro
de obras da estação Fradique
Coutinho da linha 4-amarela
do metrô de São Paulo que poderiam "ocasionar acidentes de
proporções imprevisíveis".
O documento, revelado ontem pelo "Jornal Nacional", foi
produzido a partir de vistoria
no dia 27 de janeiro para testar
a qualidade das soldas na estrutura metálica que sustenta as
paredes da futura estação.
Elaborado pelo especialista
em soldagem Nelson Augusto
Damasio, o documento recomenda, segundo a TV Globo, a
suspensão das obras no local
até que as soldas sejam refeitas
-medida não acatada pelas
construtoras, que já refizeram,
por enquanto, 20% do total.
A Fradique Coutinho pertence à mesma linha da estação Pinheiros, onde morreram sete
pessoas em 12 de janeiro depois
da abertura de uma cratera.
Problemas antigos
Na semana passada a Folha
revelou a existência de um relatório com 46 irregularidades,
incluindo materiais de qualidade questionável, encontradas
pela equipe de fiscalização do
Metrô em toda a linha 4, entre
maio de 2005 e dezembro de
2006. Esses problemas ainda
não teriam sido solucionados.
Dois dos 46 itens do documento também eram relativos
à estação Fradique Coutinho:
existência de trincas com infiltrações "na face inferior da laje
do teto" e problemas de impermeabilização "na laje do fundo" -com surgimento de bolhas e de furos na manta.
Um dos relatos se refere à da
futura estação Faria Lima, onde os fiscais flagraram os funcionários do consórcio fazendo
"gambiarras" na implantação
do encanamento -prática semelhante à da solda.
"Os tubos e conexões, de
aparente qualidade questionável, não foram fornecidos pelo
mesmo fabricante. Tendo sido
usado o procedimento de aquecimento do tubo para ligação
com as conexões. Este procedimento é condenável em todos
os manuais de fabricantes",
afirma trecho do documento
divulgado pela Folha.
O Consórcio Via Amarela,
responsável pela construção da
linha 4, é integrado pelas construtoras Odebrecht, OAS,
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
O modelo adotado pelo Metrô paulista para a contratação
do consórcio é conhecido como
"turn key" -vire a chave, em
tradução literal, ou chave nas
mãos, numa versão livre.
Ele é alvo de críticas de diversos especialistas sob a alegação de que concede autonomia excessiva à iniciativa privada, inclusive para a fiscalização dos trabalhos, e fragiliza os
controles do governo estadual.
Material inadequado
O laudo divulgado pelo "Jornal Nacional" cita 15 problemas, como a utilização de métodos e materiais inadequados
na soldagem de uma estrutura
metálica de sustentação das paredes da futura estação.
Essa estrutura, de caráter
provisório, será removida
quando as lajes estiverem
prontas, mas têm a função de,
durante a obra, impedir que as
paredes sejam rompidas.
Um dos métodos inadequados citados pelo documento é
conhecido como "bacalhau"
-artifício utilizado para preencher os espaços entre os estroncas com a injeção de objetos, em vez do uso da solda.
Um outro laudo contratada
pelo consórcio também reprovou as soldas por ter constatado "porosidade e trincas".
O próprio Consórcio Via
Amarela contratou a vistoria
em diversos pontos da linha 4
depois do acidente na estação
Pinheiros. Ele afirma, por meio
da assessoria de imprensa, que
todas as providências foram tomadas -tanto para a contratação do laudo como para a correção dos problemas citados.
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