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EDUCAÇÃO
Ministério tem pistas de um mercado de compra e venda de projetos já aprovados para abrir faculdades
MEC quer impedir `fábricas de diplomas'
PAULO SILVA PINTO
da Sucursal de Brasília
GILBERTO DIMENSTEIN
em Brasília
Empresários compraram projetos já aprovados para a abertura de
faculdades, num mercado permitido pela própria legislação.
Pistas desse mercado chegaram à
Secretaria de Ensino Superior do
Ministério da Educação. Universidades e faculdades particulares
têm hoje a liberdade de vender e
comprar, como mercadorias, as licenças que autorizam a criação de
cursos superiores no país.
O secretário de Ensino Superior
do MEC (Ministério da Educação),
Abílio Baeta Neves, disse que o governo estuda uma maneira de impedir esse comércio.
Responsáveis por faculdades
privadas devem ser convocados
pelo Congresso para explicar o
baixo nível educacional e a facilidade de concessão de diplomas.
A informação foi prestada ontem
pelo novo presidente da Comissão
de Educação da Câmara dos Deputados, Severiano Alves (PDT-BA).
``Vamos chamar, em audiências
públicas, os responsáveis pelas fábricas de diploma'', afirmou.
Essas instituições apresentaram
desempenho ruim, abaixo da média, no provão. O governo acena
com a possibilidade de descredenciar cursos com maus resultados.
``Na próxima semana já vou
propor as convocações na reunião
da comissão. Vamos levantar informações para pressionar o governo a fechar as instituições
ruins'', afirmou Alves.
Ex-professor da faculdade de Direito da Universidade Federal da
Bahia, Severiano disse ter ``indícios'' de que muitas escolas privadas só conseguiram aprovação para funcionar graças ao ``balcão de
negócios'' em governos passados.
``Balcão de negócios'' é o lobby
feito em favor da aprovação da faculdade no antigo Conselho Federal de Educação, extinto em outubro de 1994 devido a suspeitas de
tráfico de influência.
Padre
Em uma reunião entre o então
ministro Murílio Hingel (Educação), seu secretário-executivo,
Antônio Bandeira, e o secretário
de Ensino Superior, Rodolfo Pinto
da Luz, em julho de 94, foi definido
que o conselho deveria ser fechado
porque havia muitas denúncias de
corrupção contra ele.
O presidente Itamar Franco levou três meses para decidir. Foi influenciado por denúncia que ouviu de um padre, procurado por
um conselheiro que pediu dinheiro para agilizar o processo.
O conselho tinha autonomia para aprovar cursos e transformar
faculdades em universidades.
Foi substituído pelo Conselho
Nacional de Educação, em 96, escolhido pelo presidente da República a partir de uma lista de indicações da sociedade civil.
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