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SAÚDE NA UTI
Ministro diz que "fator surpresa" era essencial na intervenção no Rio
"Maia seria capaz de tudo", diz Costa
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Humberto Costa
(Saúde) disse ontem à Folha por
telefone que não comunicou com
antecedência à prefeitura do Rio a
decisão de intervir na gestão da
saúde por considerar que o prefeito Cesar Maia seria "capaz de
tudo", podendo aumentar o caos.
Segundo Costa, as negociações
com o prefeito começaram em 2
de fevereiro. "Sempre que apresentávamos uma alternativa, eles
queriam mais", disse.
Cesar Maia rebateu dizendo que
"finalmente" o governo federal
fez o que a prefeitura queria: assumiu os quatro hospitais municipalizados em 1999. Por e-mail, o
prefeito afirmou ter sido "uma
negociação bem feita pela prefeitura". Ao ser questionado sobre o
suposto impasse criado pela prefeitura, Cesar Maia respondeu: "O
ministro não é crível".
Folha - O governo federal não demorou a tomar medidas em relação
à saúde no Rio?
Humberto Costa - Não. Esse assunto é de extrema delicadeza e
envolve o pacto federativo. Entrei
no processo [de negociação] com
a maior boa-fé. Quando vi que a
prefeitura estava criando um impasse, não sei se de má-fé ou outro motivo, tivemos que adotar
outras medidas.
Folha - Mas o secretário municipal divulgou nota dizendo não ter
sido avisado da decisão federal.
Costa - Se fôssemos passar qualquer tipo de ação mais dura, eles
tomariam outras decisões. Acredito que o prefeito Cesar Maia seria capaz de tudo. Não duvido de
que ele poderia mandar retirar
equipamento dos hospitais,
transferir gente. O caos poderia
ser maior. O fator surpresa nesse
caso foi fundamental.
Folha - Como foi a decisão?
Costa - Eu preferia continuar a
negociação. Na terça-feira, chegamos à conclusão de que o prefeito
Cesar Maia apostava no impasse.
Pedi uma audiência com o presidente Lula e fui recebido na quinta. Apresentamos a situação ao
presidente e a proposta de decretar estado de calamidade pública.
Fomos nós que levamos a proposta e fomos fortemente sabatinados. Então o presidente disse que
concordava e saiu o resultado.
Folha - O sr. acha que o prefeito
Cesar Maia pode usar o assunto politicamente?
Costa - Não vejo como. Queremos garantir o restabelecimento
do atendimento digno à população. Não me interessa ficar batendo boca com o prefeito.
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