São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2008

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Fracasso no ensino

80% dos alunos de SP não sabem matemática

No exame aplicado à rede estadual de ensino em 2007, houve melhora nas médias de leitura e escrita em todas as séries analisadas

FÁBIO TAKAHASHI
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados do Saresp 2007 (exame do governo de SP) divulgados ontem apontam uma situação "trágica" no ensino de matemática nas escolas públicas do Estado: mais de 80% dos alunos não atingiram os conhecimentos esperados pela própria Secretaria da Educação.
Já em português, esses mesmos estudantes de 4ª e 8ª série do primeiro grau e do 3º ano do ensino médio tiveram desempenho melhor do que em 2005, quando foi realizado o Saeb -exame feito em todo o país.
O 3º ano do ensino médio foi a série em que os estudantes tiveram as maiores dificuldades em matemática -menos de 5% dos concluintes atingiram o patamar desejável.
Uma das habilidades que a secretaria esperava desses concluintes do antigo colegial, e que, no geral, não foi adquirida, foi a de representar uma fração em porcentagem.
Em uma das questões foi solicitado ao aluno que desse o resultado, em porcentagem, da soma de 1/5 mais 1/10 mais 1/2 -61% erraram.
Um agravante para a situação foi que as médias praticamente não melhoraram em relação a 2005. "A situação é trágica. Os governos concentram esforços na escrita. Um dos resultados disso é que os alunos, depois, fogem das profissões ligadas às exatas", disse João Cardoso Palma Filho, membro do Conselho Estadual da Educação.
A secretária de Educação do governo José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou que desde 1996 -na gestão Covas (PSDB)- o foco tem sido leitura e escrita porque, sem isso, "os alunos não terão bom desempenho em nenhuma outra disciplina".

Melhora
Os dados do Saresp, afirma a secretária, mostram que os programas de melhoria da leitura e escrita dos alunos estão surtindo efeito. Ela cita como exemplo as médias dos alunos no próprio Saresp, onde houve melhora em todas as séries analisadas entre 2005 e 2007.
Na 8ª série, o avanço foi de 14,2 pontos (de 228,4 para 242,6). A cada dez pontos, significa que os alunos ganharam seis meses de aprendizagem.
Ainda assim, a maioria dos estudantes ficou em um nível abaixo do esperado na disciplina (na 8ª, o índice foi de 69,2%). "O resultado foi significativo.
Demos um salto em apenas dois anos. Mas claro que ainda precisamos melhorar", disse Maria Helena. Sobre as dificuldades em matemática, ela diz que a principal medida será uma "intervenção" nas cem escolas com piores desempenhos.
O Saresp existe desde 1996, mas sofreu diversas alterações.
Apenas na edição de 2007 ele foi desenvolvido para que fosse comparado com as avaliações do governo federal, como o Saeb e a Prova Brasil.
A secretária afirma que usará os dados para identificar os problemas na rede e desenvolver programas de melhoria. Outra função será avaliar a evolução dos estudantes, o que será uma das bases para o pagamento de um bônus em dinheiro a professores e funcionários das escolas que mais evoluírem em um ano.
Segundo o governo, esses servidores chegarão a receber três salários extras.


Colaborou TALITA BEDINELLI

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