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BARBARA GANCIA
Atores deveriam interpretar, não opinar
Será que o país inteiro calçou pantufas de coelhinho e
resolveu dar de pascácio, feito Suzane von Richthofen depois de
orientada pelos advogados?
O nobre leitor deve lembrar de
Aristides Junqueira, o procurador-geral da República que, há 13
anos, ofereceu a denúncia que
culminou no impeachment de
Fernando Collor. Na época, todos
aplaudiram dizendo que Junqueira dera pronta resposta à sociedade e agira com independência. Mas será que foi isso mesmo
que aconteceu, ou o procurador
só estava jogando para a torcida?
Afinal, Collor acabou absolvido. E a denúncia apresentada
contra ele hoje é considerada
uma peça capenga, sem o devido
embasamento técnico.
Estaremos agora repetindo o
mesmo erro? A denúncia contra
os 40 acusados de envolvimento
no escândalo do mensalão apresentada pelo Ministério Público
-na figura do procurador-geral
da República, Antonio Fernando
de Souza- é mesmo merecedora
de loas ou somos todos ingênuos
de chinelo de coelhinho?
Será o atual procurador um
neo-Junqueira, que lava as mãos
tal qual um Pôncio Pilatos, a fim
de agradar a opinião pública?
Independentemente da culpa
ou não dos envolvidos no caso do
mensalão, aposto um picolé de
limão como mais essa denúncia
foi mal formulada e que os acusados serão absolvidos. Quem viver
verá.
Alô, Marco Nanini, Marieta
Severo, Mauro Mendonça e companhia bela que participou do ato
de apoio à Varig no Teatro Leblon! Em um mundo melhor, ninguém daria ouvidos ao que atores
têm a dizer. Em um mundo melhor, nós, jornalistas, correríamos
atrás da opinião de médicos, escritores, professores ou de qualquer outro profissional mais abalizado para falar da vida real.
Por anos, vocês atores tentaram
nos convencer de que Lula era a
solução. Agora, se juntam para
choramingar pelo triste fim de
uma companhia que conseguiu a
proeza de acumular R$ 9 bilhões
em dívidas e contingências trabalhistas mesmo tendo tido, por
anos, exclusividade sobre as rotas
internacionais e de cobrar os preços mais altos do mundo por suas
passagens e serviços.
A Varig é um dos piores exemplos de co-gestão e de co-propriedade de que se tem notícia. Mas,
os atores tapuias, acostumados a
financiar qualquer projetinho de
quinta categoria com dinheiro
público, se acham no direito de
reclamar pela sobrevida de
um moribundo que decretou sua
própria morte.
QUALQUER NOTA
Acompanhante
Já estão chamando o médico
acupunturista Jou Eel Jia de "o
Rasputin da família Alckmin".
Os Alckmins são agradecidos ao
doutor por ter tratado do filho
do ex-governador, Thomas, durante a adolescência do
rapaz. E o médico permanece
tão próximo da família desde
então que acompanha dona Lu
até em compromissos pessoais.
Prêmio Pritzker
A arquitetura, quando elevada
ao estado de arte, deve fazer
muito bem à alma. Basta dizer
que Oscar Niemeyer, aos 99
anos, e Paulo Mendes da
Rocha, aos 78, continuam em
plena atividade.
E-mail barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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