São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2006

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BARBARA GANCIA

Atores deveriam interpretar, não opinar

Será que o país inteiro calçou pantufas de coelhinho e resolveu dar de pascácio, feito Suzane von Richthofen depois de orientada pelos advogados?
O nobre leitor deve lembrar de Aristides Junqueira, o procurador-geral da República que, há 13 anos, ofereceu a denúncia que culminou no impeachment de Fernando Collor. Na época, todos aplaudiram dizendo que Junqueira dera pronta resposta à sociedade e agira com independência. Mas será que foi isso mesmo que aconteceu, ou o procurador só estava jogando para a torcida?
Afinal, Collor acabou absolvido. E a denúncia apresentada contra ele hoje é considerada uma peça capenga, sem o devido embasamento técnico.
Estaremos agora repetindo o mesmo erro? A denúncia contra os 40 acusados de envolvimento no escândalo do mensalão apresentada pelo Ministério Público -na figura do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza- é mesmo merecedora de loas ou somos todos ingênuos de chinelo de coelhinho?
Será o atual procurador um neo-Junqueira, que lava as mãos tal qual um Pôncio Pilatos, a fim de agradar a opinião pública?
Independentemente da culpa ou não dos envolvidos no caso do mensalão, aposto um picolé de limão como mais essa denúncia foi mal formulada e que os acusados serão absolvidos. Quem viver verá.
 
Alô, Marco Nanini, Marieta Severo, Mauro Mendonça e companhia bela que participou do ato de apoio à Varig no Teatro Leblon! Em um mundo melhor, ninguém daria ouvidos ao que atores têm a dizer. Em um mundo melhor, nós, jornalistas, correríamos atrás da opinião de médicos, escritores, professores ou de qualquer outro profissional mais abalizado para falar da vida real.
Por anos, vocês atores tentaram nos convencer de que Lula era a solução. Agora, se juntam para choramingar pelo triste fim de uma companhia que conseguiu a proeza de acumular R$ 9 bilhões em dívidas e contingências trabalhistas mesmo tendo tido, por anos, exclusividade sobre as rotas internacionais e de cobrar os preços mais altos do mundo por suas passagens e serviços.
A Varig é um dos piores exemplos de co-gestão e de co-propriedade de que se tem notícia. Mas, os atores tapuias, acostumados a financiar qualquer projetinho de quinta categoria com dinheiro público, se acham no direito de reclamar pela sobrevida de um moribundo que decretou sua própria morte.

QUALQUER NOTA

Acompanhante
Já estão chamando o médico acupunturista Jou Eel Jia de "o Rasputin da família Alckmin". Os Alckmins são agradecidos ao doutor por ter tratado do filho do ex-governador, Thomas, durante a adolescência do rapaz. E o médico permanece tão próximo da família desde então que acompanha dona Lu até em compromissos pessoais.

Prêmio Pritzker
A arquitetura, quando elevada ao estado de arte, deve fazer muito bem à alma. Basta dizer que Oscar Niemeyer, aos 99 anos, e Paulo Mendes da Rocha, aos 78, continuam em plena atividade.

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