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TRAGÉDIA FAMILIAR
Criança de um ano e três meses sofreu queimaduras, parada cardiorrespiratória e desidratação
Esquecido pelo pai no carro, bebê morre
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um bebê de um ano e três meses
morreu, no início da tarde de anteontem, depois de ter sido esquecido pelo pai por aproximadamente 5h30 dentro do carro da família, que estava no estacionamento de uma academia de ginástica, na Vila Mazzei (zona norte).
A criança sofreu parada cardiorrespiratória,
queimaduras de
primeiro e segundo graus e
também desidratação grave.
O inquérito de
homicídio culposo (sem intenção) que apura a
morte do menino, enterrado
ontem no Cemitério da Paz, Morumbi (zona oeste), aponta que
ele estava dentro
do Fiat Siena da
família, sentado
na cadeira de segurança que estava no banco
traseiro do veículo.
À polícia, o pai
da criança, que
tem 35 anos e administra a academia onde o carro
ficou parado,
disse que seguia
um roteiro com a
família: primeiro, ele levava a filha de 9 anos à escola; em seguida, o filho era deixado no maternal e, na seqüência, a
mulher ficava na estação Parada
Inglesa do metrô.
Anteontem, sem saber explicar
exatamente o motivo, o administrador teve essa rotina alterada:
antes de deixar o menino no maternal, ele levou a mulher ao metrô e, da estação, partiu direto para a academia, isso por volta das
8h30. Lá, ele parou o carro no estacionamento descoberto do local
e o trancou com o controle remoto, que subiu os vidros escurecidos do veículo.
Ao longo de toda a manhã de
trabalho, ele, ainda segundo o que
disse à polícia, reclamou ao irmão, que também administra a
academia, que estava sentindo
uma "angústia muito forte". Por
volta das 13h, cerca de 5h30 depois de ter trancado o filho no Siena, ele resolveu pegar o carro e ir
ao hospital para tentar descobrir
porque estava mal. A temperatura
na região, segundo a polícia, estava em torno dos
27C.
Ao abrir a porta
do veículo, o pai
do menino diz ter
visto o filho na cadeira de segurança, totalmente
desfalecido. Ele
partiu para o Hospital Voluntários,
em Santana (zona
norte), mas foi em
vão, pois a criança
já estava morta.
"Essa morte
aconteceu, infelizmente, porque o
pai do menino estava com o piloto
automático ligado, vivia a mesma
rotina", disse a
delegada assistente do 20º DP
(Água Fria)
Adanzil Limonta,
responsável pela
investigação do
caso.
"Como o carro
tinha insulfilm, as
pessoas não viram a criança. E o carro tinha trava elétrica, o pai nem percebeu
que fechou o veículo com o bebê",
acrescentou a delegada.
A delegada diz que a mãe, ao saber do que ocorrera, foi ao hospital e, com o corpo do filho no colo,
disse ao marido: "Você sempre foi
um pai muito atencioso, sei que
você não teve culpa alguma pelo
que aconteceu."
De acordo com a delegada
Adanzil, o pai do menino deverá
receber "perdão judicial", pois o
resultado do que aconteceu é altamente penoso para ele.
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