São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2006

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TRAGÉDIA FAMILIAR

Criança de um ano e três meses sofreu queimaduras, parada cardiorrespiratória e desidratação

Esquecido pelo pai no carro, bebê morre

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um bebê de um ano e três meses morreu, no início da tarde de anteontem, depois de ter sido esquecido pelo pai por aproximadamente 5h30 dentro do carro da família, que estava no estacionamento de uma academia de ginástica, na Vila Mazzei (zona norte). A criança sofreu parada cardiorrespiratória, queimaduras de primeiro e segundo graus e também desidratação grave.
O inquérito de homicídio culposo (sem intenção) que apura a morte do menino, enterrado ontem no Cemitério da Paz, Morumbi (zona oeste), aponta que ele estava dentro do Fiat Siena da família, sentado na cadeira de segurança que estava no banco traseiro do veículo.
À polícia, o pai da criança, que tem 35 anos e administra a academia onde o carro ficou parado, disse que seguia um roteiro com a família: primeiro, ele levava a filha de 9 anos à escola; em seguida, o filho era deixado no maternal e, na seqüência, a mulher ficava na estação Parada Inglesa do metrô.
Anteontem, sem saber explicar exatamente o motivo, o administrador teve essa rotina alterada: antes de deixar o menino no maternal, ele levou a mulher ao metrô e, da estação, partiu direto para a academia, isso por volta das 8h30. Lá, ele parou o carro no estacionamento descoberto do local e o trancou com o controle remoto, que subiu os vidros escurecidos do veículo.
Ao longo de toda a manhã de trabalho, ele, ainda segundo o que disse à polícia, reclamou ao irmão, que também administra a academia, que estava sentindo uma "angústia muito forte". Por volta das 13h, cerca de 5h30 depois de ter trancado o filho no Siena, ele resolveu pegar o carro e ir ao hospital para tentar descobrir porque estava mal. A temperatura na região, segundo a polícia, estava em torno dos 27C.
Ao abrir a porta do veículo, o pai do menino diz ter visto o filho na cadeira de segurança, totalmente desfalecido. Ele partiu para o Hospital Voluntários, em Santana (zona norte), mas foi em vão, pois a criança já estava morta.
"Essa morte aconteceu, infelizmente, porque o pai do menino estava com o piloto automático ligado, vivia a mesma rotina", disse a delegada assistente do 20º DP (Água Fria) Adanzil Limonta, responsável pela investigação do caso.
"Como o carro tinha insulfilm, as pessoas não viram a criança. E o carro tinha trava elétrica, o pai nem percebeu que fechou o veículo com o bebê", acrescentou a delegada.
A delegada diz que a mãe, ao saber do que ocorrera, foi ao hospital e, com o corpo do filho no colo, disse ao marido: "Você sempre foi um pai muito atencioso, sei que você não teve culpa alguma pelo que aconteceu."
De acordo com a delegada Adanzil, o pai do menino deverá receber "perdão judicial", pois o resultado do que aconteceu é altamente penoso para ele.


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